De namoro mesmo, tudo
certinho, civilizado, era só Silvino e Lourdinha, sentadinhos os dois lá atrás;
o resto da meninada só na conversa, rosto coberto de cravos e espinhas, e muita punheta:
-
Gustavo e Sandra também – falou Ronaldo.
-
Respeite a colega, cara! – respondi, tirando o corpo fora do rol dos casais de namorados
que estavam fazendo. - Só porque a gente anda juntos, porra – protestei.
No
fundo tinha sentido fazer aquela inclusão, pois a gente, eu, nos meus quatorze
e ela nos seus 16 anos, era só na pegação, pelos corredores do ginásio. Além do
mais, me preenchia muito o ego. Dava uma moral! Numa renovada aparência, de
bigodinho raspado, graças ao barbeador que ganhara de Sandra no amigo secreto.
Mas acontece que Sandra, que já era moça feita, como se dizia, era para namoro
firme e casamento. Se ela soubesse, eu que ia levar bronca e perder a mamata
dos amassos. Por isso sem forçação de barra. Também, que circulasse tal
conversa no meio da turma, pelo menos. Sandra me colocou num canto e falou, sem
alarde, numa boa, para terminar com aquilo, senão iam pensar que estávamos
namorando. Mas enquanto falava, eu ia aceitando uns amassos e uns beijinhos de leve.
-
Tá ouvindo, menino? – dizia espalhando tapas, que eu suportava no desgrude, naquela fresca da tarde.
-
Mas você não vai ficar com ninguém por aí não - falei em retirada.
- Então não seria
melhor para depois da quadrilha de S. João? – ela me reacendia.
Combinado não saia
caro. Ela explicava que eu era ainda
menino e ela tinha que estar pronta para firmar namoro sério. Depois, me deu um
retalhinho de amostra do pano para a confecção de minha camisa.
- Vai ficar uma dupla
bonita, Sandra – falou uma colega nossa, dessas de segurar vela.
Sandra era rabuda e sua
calça acentuava bonito esse detalhe. Era bom quando, armado, ela vinha e encostava com o frescor do banho
tomado e o toque do almíscar no pescoço, só encostava, só... Tinha que correr às
pressas ao banheiro. E ela sabia desse meu segredo, a “desgraçada”.