Para o casamento de sua
filha, Osvaldo Dantas convidou para padrinhos o professor Francisco Pereira da
Silva e esposa Isabel. Ninguém melhor
que o professor, uma das pessoas mais ilustres por essas paragens e um dos
responsáveis pela formação da aluna Eunides. Antes, porém, os preparativos do
casamento. Que deve ser contado nos mínimos detalhes. Vestido de noiva feito por costureira de Guanambi,
filha de Lolozinho, era só um detalhe.
Mais outros detalhes também
cercavam esse casamento. Do balcão da loja de seu pai Osvaldo, Nidinha podia
ver a praça. Pouco antes, sua atenção se
voltou para os movimentos de um moço descalços labutando com um animal. “Quem
seria? Além do mais, descalços!” Ficou encabulada com aquilo, até que descobriu
tratar-se do filho de seu Artur Prado e de Dona Ana. Amansava um burro. Era
caprichoso o menino. Mostrava-se pelo menos. Logo estaria entrando em sua vida,
para mergulhar num companheirismo de corpo e alma, que perduraria.
Por enquanto tratava de diálogo
entre noivos, que se iniciava. Chegou até dizer da impossibilidade de se casar
por agora, por não reunir condições:
- Não posso falar de
casamento por agora não, Nide, pois, como se vê, meu lote para construir casa
mal comecei a construção, disse
apontando o monte de pedras despejadas no local.
- Meu pai falou, Aleci, que
você não precisa se preocupar com isso agora não, que a gente pode ficar com
eles por uns tempos.
Lembrou que o futuro sogro falou para não se preocupar com
casa, que ele podia ficar uns dois meses morando com os sogros. E ele, com a
mãe doente, sem poder decidir.
- Acho que vou a Belo
Horizonte levar minha mãe pra fazer uns exames e volto para o casamento.
Mas o que fez mesmo Aleci
decidir? Segundo alguns, teria sido em razão de haver tomado café numa mesma
xícara que a noiva, sendo flagrado pelo paparazzo do tio Silvino Martins, que
mais que ligeiro aconselhou seu compadre Osvaldo:
- Tem que pegar a moça e o
menino, compadre, e marcar logo esse casamento: já estão tomando café na mesma
xícara.
Casamenteiro, que queria esse
trato para o sobrinho Joaquim Neves. Ou foi o episódio que se deu em Belo Horizonte?
No episódio de BH, ele, com
a mãe doente, sem poder de decisão, sob o fogo juvenil de um animal indomável, iniciou-se
numa aventura que poderia resultar numa quebra de compromisso, ao caminhar para
os trilhos de um arrumação à mineira,
quando sua mãe Ana, conhecendo sua cria, ainda que estando enferma, avisou a
filha da dona da pensão, que logo se entusiasmara, servindo ao jovem Aleci um
copo de toddy antes de dormir, todos os dias, que ele era noivo na Bahia. A
moça por nome Iêda nunca mais esperou Aleci, com o copo de toddy, nem Aleci
precisou esconder mais a aliança. Vieram então de volta após uns exames.
Dona Etelvina preparou um
quarto para a mãe do noivo em sua casa, a que Ana compareceu, vestida para
ocasião, ainda que adoentada, sob protestos da filha mais velha Zeni Prado, com quem travou uma discussão:
- Ora, moça, Aleci tem mais
cuidado com a mãe, que trata ela que nem uma filha sua. Não cabe essa
preocupação não, falou firme dona Etelvina, como se desse um safanão geral, pondo
um basta no assunto, para tristeza de Zeni, que no outro dia cedo veio para
buscar a mãe.
Então chegou o dia 26 de
julho de 1957, quando se casaram na igrejinha velha e no civil, na sala de
visita de sua casa, que serviu para o baile, com os dois sanfoneiros de fama da
região, e foram felizes para sempre, poder-se-ia acrescentar, malgrados os
percalços encontrados pela frente. Como nesse mesmo dia, que ao noivo deu de querer
que a festa se acabasse logo, que todo mundo se retirasse, para finalmente ter
refreada sua tão sonhada expectativa por conta da mulher andar naqueles dias com
seus segredos de moça e mulher.
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