domingo, 14 de janeiro de 2024

Jasmim

 


 

Jasmim era de nome doce.  Tinha tido também comportamento doce, na dela, profissional discreta, não merecia ser enganada, passada para trás nuns trocados. Ela, protótipo de excelência na função, gritou logo para lembrar:

- Ei! Combinado foi duzentos.

- Claro. Tome aqui, Jasmim.

De pronto. Mas a partir dalí é que desandou essa dor de haver magoado alguém com um simples sinal de pretender pagar a menor e esse alguém ser o doce de pessoa que foi a garota.

- Então ela foi legal com você? – era o amigo.

- Nota 10. Nada a reclamar –  explicava.

E assim uma Jasmim ia sendo construída, mas dentro dele, e tomava conta do seu pensamento.  Tudo tinha por começo uma bebedeira com amigos, que resultou estar numa antiga casa, dessas biroscas, de conversa, altas horas, com a dona:

- Você precisa conhecer minha filha.

E fazia uma propaganda da menina.

- Só você ligar pra ela e marcar. Não é para qualquer pessoa não. Gente como você.

- Ela passa “por de fora” daqui. Não é de andar com essa turma não. É diferente, cara – completava o amigo.

Nesses rasgos de elogio, a mãe tirou dos seios e deu a Jaconias um cartão. Andava tão mergulhado que não sabia se acabou ligando para a garota ou se recebeu telefonema dela.  Marcou para sair, pensou que ela não compareceria, mas foi apanhá-la em frente a um orelhão de um hospital.

Bonito avistar uma garota sair de um orelhão e entrar no carro. Foi-se ajustando na poltrona, ele examinando o material, às palpadelas. Logo na cama com a garota, perfumes, tudo nos conformes, ali, para ele, exclusiva. Brincou um bocado, antes de consumar o ato, no antegozo de um final feliz.

Depois veio o astral de uma namorada que passou pelos suspiros de toda uma geração e não ficou com ninguém da turma. Tal musa vivia na imaginação platônica da rapaziada. Algo sagrado, respeitoso. Vira poucas vezes, mas o suficiente para o clique da garota de calça jeans, recanteada, fumando escondido com cara de chorosa. Com Jasmim ele realizaria um sonho perdido, agravado pela forma como procedeu no pagamento do cachê. Agora essa perturbação da mente, sem que se possa corrigir.

 

 

 

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