quinta-feira, 1 de maio de 2014

Gal, menina bronze





Modismo. Aquela época (1977) devia ser a do bronze – revisitada - para lembrar aqui o poeta Fernando Pessoa.  (Gal por onde agora você se bronzeia, pequena e bravinha?). Gal, se você passasse o dedo no corpo dela parecia que tirava tinta mas não saía qualquer tinta: ela era mesmo bronze.  Adorava aquela cor. Os cabelos - Luluzinha da revistinha. Argolinhas discretas nas orelhas meio jeito phippe; próprio. 

Tomei um dia um suco de caju no apartamento dos pais de Gal (sem a presença deles), a propósito de um trabalho escolar, em companhia de Paulo. Paulo, brancão, de Uberaba, na Bahia (o pai tinha uma empresa de transporte filial em Salvador), não ligava assim não para esse tipo de menina; gostava era de mulher brancona igual a ele mesmo. Otário. Ele tinha uma mania de trancelim de S. Judas Tadeu - peito cabeludo -, que serrilhava de vez em quando entre os dentes, o que só isso achava meio legal, mais nada. E era bom no basquete, no vôlei e aluno bonzinho, ao gosto das freiras irmãs do Instituto Nossa Senhora da Salete, nos Barris, em Salvador, na Bahia, como figura exemplar. Até achava aquilo chique mas meio minhominhom. Ah! Tocava um violãozinho, duas ou três músicas, o que já era suficiente para causar algum efeito. Eu, no entanto, tímido, tocava até mais, mas sem aquela pose elegante de Paulo (cadê você, bicho?).

Estou escrevendo para rememorar essa fase colegial dos anos 70, com foco na figura de Gal e Paulo fica me atrapalhando. Vá pra lá, Paulo, com suas brancuras e seu trancelin de S. Judas Tadeu (gente boa, até ao gosto das irmãs do colégio). Gal. Quero me lembrar dela. Cadê você, Maria das Graças Aquino (viu como me lembrei do seu sobrenome?).


Estávamos na fase dos quinze anos. Eu ficava encantado com a responsabilidade de Gal, como irmã mais velha, no colégio, cuidando de seus dois irmãozinhos menores, menina bronze e Luluzinha da revistinha (soube depois que seus pais eram separados).

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