Meu avô Osvaldo Pereira Dantas. Depois que
foi embora bate na gente os lances de convivência. Simplicidade, bondade,
honestidade – isso fica gravado em nós para sempre. Mas existem também os
lances de humor, que envolvem o choque de gerações e de conhecimento da
modernidade que se processa hoje em ritmo acelerado.
Vou aqui iniciar uma série de pequenos
episódios ocorridos durante nossa convivência com vovozão (ele era graúdo), sub-titulando,
conforme o caso.
O caso da TV
Para começar, vale esclarecer que quando
Cid Moreira terminava o Jornal Nacional
e dizia boa noite ele respondia boa noite. Um dia ali estava e fiz uma
correção:
- Vovô, o senhor não precisa dizer boa noite, que isso é televisão: Cid
Moreira não está vendo a gente.
- Mas meu filho, depois do homem dar
notícia de tudo, do Brasil e do mundo, terminar o serviço, como é que a gente
deixa de responder o boa noite?
Acontece que um dia ele estava na casa de
meus pais e acabou maravilhado ao ver que a nossa TV era colorida. Procurou
saber, vendeu umas duas vacas e encomendou ao genro de tio Zé Pereira – que transitava
para S. Paulo - um aparelho de TV a cores.
Dedê Dantas, meu tio, tomava cerveja
comigo, eu de férias, vindo da capital:
- Vamos assistir ao jogo da seleção do
Brasil lá em casa – pai tá entusiasmado com a televisão colorida.
Pedi uma saideira e outra.
- Vamos, que já tem dez minutos de jogo.
Fomos. O Brasil jogava contra a Suécia, com
o uniforme número dois
Entramos, o jogo já em andamento etc.
- E aí, vô, como está o jogo?
- Ei, meu filho,esse timinho de azul tá pra
matar nós.
O timinho de azul era o Brasil; a Suécia
era camisa amarela.
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