Um dia ele descobriu que em sua casa havia
no quintal um pé de goiaba dando-se em fartura. Na verdade, num raro momento,
ele passou a enquadrar o quintal em sua inteireza, sobre o que não se dera durante
aquele tempo, tal o direcionamento de linha a cumprir.
Apanhou uma fruta ao alcance fácil ou,
melhor, por ela foi apanhado, e então a mordeu
com gosto: um outro lado de vida abria janelas que pensava inúteis. Não era só aquele
ritmo diário em busca da matança necessária de um tigre. Sentiu o frescor da
terra em seus pés fora dos sapatos de costume, que formigava suave por todo o
corpo e terminava em gol de leveza à alma. Pássaros se faziam presentes nas
árvores avulsas como velhos visitantes, que antes não lhe ocorria existirem
assim em festividade num entardecer. Era sua casa. E havia uma parte de quintal
nos fundos em que um pé de goiaba era um convite.
A terra também é energia. É preciso que se
pise a terra descalço. Que se apanhe a fruta não propriamente da fruteira da
cozinha ou da prateleira de um supermercado, mas no seu oferecimento de um
galho de árvore - braço estendido. Principalmente assim, num alvorecer ou num fim
de tarde. No seu território. Ficou refletindo sobre essas coisas, enquanto
saboreava a goiaba.
Tal descoberta se deu em meio ao bombardeio
de agendamento para o dia seguinte e aí saíra para aquele espaço diferente, como que quando o técnico no esporte pede tempo.
Entraria firme depois no que viesse pela
frente, sem desespero, no quintal de sua casa havia um pé de goiaba, num solo
úmido, a sua espera, e a ensinar a olhar para a Natureza que está a sua volta, pássaros, bichos e árvores, em harmonia com as pessoas, bem como para coisas tão simples que nos mostra a grandeza de nossa passagem
por aqui, antes que a gente se vá e só depois lembrar que havia em nosso
quintal um braço estendido em oferecimento.
20/06/15
Que texto lindo!
ResponderExcluirGostei do que li, bem reflexivo.
ResponderExcluirDica de Caroline Marchesini