sábado, 20 de junho de 2015

Um pé de goiaba no quintal


  
Um dia ele descobriu que em sua casa havia no quintal um pé de goiaba dando-se em fartura. Na verdade, num raro momento, ele passou a enquadrar o quintal em sua inteireza, sobre o que não se dera durante aquele tempo, tal o direcionamento de linha a cumprir.

Apanhou uma fruta ao alcance fácil ou, melhor, por ela foi apanhado,  e então a mordeu com gosto: um outro lado de vida abria janelas que pensava inúteis. Não era só aquele ritmo diário em busca da matança necessária de um tigre. Sentiu o frescor da terra em seus pés fora dos sapatos de costume, que formigava suave por todo o corpo e terminava em gol de leveza à alma. Pássaros se faziam presentes nas árvores avulsas como velhos visitantes, que antes não lhe ocorria existirem assim em festividade num entardecer. Era sua casa. E havia uma parte de quintal nos fundos em que um pé de goiaba era um convite.

A terra também é energia. É preciso que se pise a terra descalço. Que se apanhe a fruta não propriamente da fruteira da cozinha ou da prateleira de um supermercado, mas no seu oferecimento de um galho de árvore - braço estendido. Principalmente assim, num alvorecer ou num fim de tarde. No seu território. Ficou refletindo sobre essas coisas, enquanto saboreava a goiaba.

Tal descoberta se deu em meio ao bombardeio de agendamento para o dia seguinte e aí saíra para aquele espaço diferente, como que quando o técnico no esporte pede tempo.

Entraria firme depois no que viesse pela frente, sem desespero, no quintal de sua casa havia um pé de goiaba, num solo úmido, a sua espera, e a ensinar a olhar para a Natureza que está a sua volta, pássaros, bichos e árvores, em harmonia com as pessoas, bem como para coisas tão simples que nos mostra a grandeza de nossa passagem por aqui, antes que a gente se vá e só depois lembrar que havia em nosso quintal um braço estendido em oferecimento.


20/06/15

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