terça-feira, 9 de outubro de 2018

nos vamos fazer bolo de madrugada com vovó



após cruzar rios, mares e serras
bater os saltos das sandálias para tirar o barro
e adentrar o recinto tão sonhado
as chaves, testadas uma a uma, já não chegam ao cadeado
e não adianta improviso nem jeito
não abre: simples.
ninguém para uma informação.
espernear, arrancar os cabelos, correr até a sombra da casa de Dona Nida e ver o carro, com meus pais, se afastar para além da rua, Montes Claros adentro
ser apanhado pelas mãos das tias a mando da avó materna, que, sem brabeza, fala firme com aproximação dengosa:
- besteira, não chore não, besta, fica com a gente, nós vamos fazer bolo de madrugada com vovó.
quem falou para vovó que isso era consolo para nós (e acabava sendo)


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