Entre brincadeira e falar sério, a
propósito de algum lance dessa trivialidade, ela falou em lhe dar, dar mesmo, e que podia
escolher o local escrevendo com o dedo indicador sobre a farinha de trigo
polvilhada na banca da cozinha.
Escreveu, na esperteza que julgava ter de um
menino de onze anos de idade, mais que ligeiro:
-
No “corredorzinho” (que havia lá entre as casas dela e dele).
-
Que corredorzinho? quis ela saber.
Ele indicou com uma olhar além da
janela.
- Na cama, seu bobo... escreveu ela, segura nos seus dezessete anos, que só faltavam saltar do corpo.
E
assim foi, quase toda tarde, depois de deixar pronta para o fermento a massa do
bolo. Pegava uma moeda e lhe entregava dizendo:
_
Então vai ali em seu João e compra dois cigarros soltos, de marca Mistura Fina, pra mim, que estou te esperando no quarto.
Logo estava de volta com os cigarros, ele,
letárgico, ela, estirada na cama, acendia um e entre chupadas
apressadas no cigarro:
- Você não vai contar pra
ninguém não. Se eu sonhar que você contou pra alguém eu te mato, viu? dizia e
então completava num baixo tom de voz: - Vem!
Fumava, que ele não sabia que o seu gemido, nessa confusão, vinha dos tragos do cigarro ou o que era. Vez por outra gritava.
Gritava baixinho, para
disfarçar, só podia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário