Não se sabe bem como
nem por que, marcara com ela um almoço num restaurante de posto de gasolina, nos
arredores da cidade. Ainda assim, um encontro de muita ousadia de sua parte. Um
dom juan jacaré, como se verificou, e
ela a secretária de uma colega, sempre numas pegações (forenses, de início) quando
se cruzavam.
Tomariam umas cervejas
e o resto para escanteio. Mas não, nem chegaram a esquentar um prévio namoro,
ela passou a engatar coisas profundas, que implicaria mudança séria e radical,
tipo divórcio. Ele iria separar de esposa e filhos? Aí o jogariam na realidade.
Pelo que entendera, tinha que tomar a decisão naquela hora, de assumir o compromisso
com ela, como um grande amor, que de século em século costuma aparecer.
Folhetins?
Então foi o que faltava
para o choro de desiludida. Rios,
cascatas e chuva de cântaros, nessa situação. Teve que pedir menos e recuar
diante de fachos luz que cercavam a possibilidade de nova vida a dois, ideia
desde já abortada. Desmanchariam ali mesmo um plausível embrecho, com pedidos
de desculpas pela esfregação e amassos derradeiros. Ela chorou um bocado na
hora. A mesa foi posta, e ela, loirinha
dos olhos verdes e marejados, nem quis comer nada, numa intensa sem-graceza: ela
e a comida ali se transformando numa montoeira. Mexeram uma peça no xadrez. E
num recanto puseram a cena congelada.
Iludira a moça, pensou
fora da bolha que criara. E isso ainda existia? Ou então ela o teria alimentado
para aplicar golpe, que não pegara? Descongelada a cena, não se recordava de
ter apanhado a moça e a levado de volta até a cidade. Mas carregava consigo
esse lance, inclusive com o apagão que sofrera.
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