Beto
ia passar o domingo assim, numa birosca daquelas, com Zizi de companheiro, de
olho aceso numas meninas, com um violão e uma revistinha das canções de Roberto
Carlos? E havia outra opção para quem andava com dinheiro curto no bolso ou nem
isso?
-
Mais uma, comadre! – pedia Zizi para alegrar a mesa.
Vinha
a dona com a cerveja. Zizi provocava:
-
Qual é mesmo o caso daquelas duas ali, Dona?
-
Solteiras.
Dona
era espirituosa ou sacana nas respostas que dava. Vez em quando, ela soltava
uma das suas: “Sai fora, tem gente no pedaço” ou então: “Ela não gosta de
menino não.”
Assim,
pelo balanço que Beto pôde fazer, ela quis com “solteiras” dizer liberadas.
Cantou Proposta do Rei para ela, que
logo ficou encaixada ao ambiente. E Zizi, meio tomado, querendo trazer as duas
para a mesa.
-
Calma, Zi – pedia Beto, que conhecia bem as cachaças de Zizi.
E
voltava a atenção para o instrumento. Viajava na canção. Até que prestou
atenção na parceira da gordinha e viu um jeito nela de tardes de domingos.
Precisava dizer dessas tardes a ela., que procurava cantar no tom. Beto encerrou e deu uma escorregada para o
banheiro.
Na
volta da toalete conversou com a gordinha. Nem foi conversa, foi telepatia. Ficou
de Beto levar Zizi para casa e voltar mais tarde para casa dela, ali mesmo na
rua, prédio em construção, que elas também tinham que tomar um banho.
-
Pra renovar! – gritou para Beto que, agora armado, pedia a “saideira” e voltava
para o seu Roberto Carlos .
Era
o domingo se revelando. Conforme combinado, com muita peleja conseguiu colocar Zizi
no carro;
- Não, Zizi, as meninas vão tomar
um banho.
- Então
me deixe num barzinho novo perto de
casa.
Mas
o domingo não se realizaria se fosse dormir sem passar pelos braços de Dany.
- Não repare, não terminei ainda –
desculpava-se a dona da casa.
Paredes
sem rebocos, pontas de ferro e restos de materiais de construção. Ia caminhando
com cuidados.
-
Quem chamou? - perguntou Beto diante da naturalidade da dona da casa.
Um
louro chamava Dany. Ela apresentava a
casa e ia se explicando, que Dany mesmo tinha tomado banho e estava dormindo.
Que ele sentasse, tomasse uma latinha (foi até a geladeira) e esperasse por
Dany.
-
Tem que avisar o louro.
Ela
sorriu com a piada e teceu comentário
sobre os costumes do papagaio.
-
Pode acordar Dany, louro. Chega de dormir.
-
Se ela estiver dormindo mesmo, deixe dormir – falou Beto abrindo a latinha.
-
Acabei de dar um banho nela para ver se melhora, mas agora já tá boa, renovada,
entre lá no quarto – garantiu a gordinha.
-
?
-
Por ali. Fique a vontade.
Seu
astral foi lá para cima! Um quarto de solteira de tirar o
chapéu.
-
Como diz uma amiga minha “seu quaro é de Londres”.
Fechou
a porta:
-
Vou deixar vocês às sós – escutou Beto.
Dany
estava atoalhada na cama dormindo. Aproveitou e foi no ouvido dela e disse
um “pode ficar assim mesmo, darling”. Quando se viu estava por cima dando uns
tratos. Quem era mesmo de Londres era Dany de toalha, que podia mexer num abre
e fecha. Após uns cumprimentos na parte superior, Beto foi escorregando de boca
até encontrar um poço a perfurar e ali gastou uns minutos apreciando os
grunhidos de Dany, quando resolveu entrar e tomar pé. E para completar Dany era
quem no exato instante lhe agradecia ao ouvido: “Obrigada!”, sem o que não ganharia aquele domingo.