Lembrou-se de um prédio de paredes seculares, no centro, e um rapaz, solitário, sentado à mesa tomando uma cerveja, à espera de uma moça experimentada. Havia uma tentativa de ânimo na canção de Júlio Iglésias, que chamejava ao fundo.
- A moça é uma professora.
Ela nem vem aqui igual ás outras. Vem aqui direitinho, asseada, recebe os
meninos e vai embora com o dinheirinho que recebe, numa boa - dizia
Silveirinha, a cafetina, suspeita número um de uma doce mentira, que ninguém o saberia.
Enquanto bebia cerveja, aguardava sua
vez. Um amigo tomara a dianteira e informava também esse papo clichê. Mas agora
viera só ele, sem bengalas. Apenas com o faro e as informações colhidas
alhures. Era preciso. Sentia-se haver uma completude com esse ato. Folga nos estudos,
tinha que lambuzar um pouco na realidade, endurecer o couro. Estava vigilante
consigo. O esquema ali era reservado para casos como o dele, por isso uma
menina agradável era apresentada.
-
Pode aguardar, meu filho, que Isa já vem - tornava a velha.
Isa,
ficou imaginando a menina que já era do seu conhecimento da vez passada.
Branca, cabelo preto, meio desleixada de corpo, mas sabia agradar um garoto.
-
Ela combina bem com os pais e os meninos quando chegam aqui já está tudo
arrumado – informava a cafetina.
Ele não contava com esse aparato de um imberbe. Sua barba era um assombro de cartão postal dos seus vinte anos. Parecia um estudante socialista disfarçado. Dispensava essas práticas burguesas. Imaginou seu pai, vindo de lá do interior, para umas presepadas dessas. Sem esses trejeitos e sem a figura do pai por perto. Era um homem afinal. Apalpou o bolso e sentiu a suficiência do dinheiro contado. Além do mais sua loção pós barba não o deixava de empoderar um pouco..
-
Quanto foi aqui, Silveirinha?
-
Não vai esperar por Isa? Ela já chegou – disse estendendo a mão.
Beto passou umas notas amoitadas às ágeis
mãos de Silveirinha, que se virou para organizá-las uma a uma.
- Pode entrar por ali, que ela já está te esperando no quarto - apontou Silveirinha,
Primeira etapa cumprida,
pensou Beto ao penetrar no corredor de acesso às carnes de Isa, que realmente
não se misturava com as demais. Mais cheia, até que não eram mal distribuídas.
O cabelo completava um apressado charme. E bacana. Quase não falava.
- Pode ir lavar ali na
ducha – indicou Isa.
Viu que ele queria
fazer xixi:
- Pode mijar aí no ralo
do banheiro mesmo – dizia o necessário.
E depois, procurou trabalhar
burocraticamente, sem saber do seu secreto charme por ele descoberto.
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