segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

 

Cara de Sol e Cara de Lua

 


1.

... e era sempre assim, tinha um Cara de Sol, tinha um Cara de Lua.

Moravam juntos mas não se viam.

Moravam num matagal perto lá da rua.

 2.

Na hora do bom dia, saía de uma moita o Cara de Sol e falava com sua voz de Sol:

- Bom dia, gente, bom dia!

E tudo em volta brilhava.

3.

Na hora do boa noite, saía de uma moita o Meia Cara de Lua com sua voz de vento e soprava:

-  Boa noite, gente; psiu!

         E tudo se calava em volta.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

 

Carmem

                        Ítalo estava no segundo ano do ensino médio e retornava de férias à sua cidade natal.  Camisa de malha azul claro, colocada por baixo da calça amarela. Com uma aparência úmida, ele mantinha o cabelo curto, exibindo um penteado com uma nuance de lavanda de marca trim, um costume herdado do pai. Ansiava pelo domingo para vestir sua camisa de malha azul claro, que a empregada já havia preparado no cabide. Como se estivesse à procura de uma namorada, buscava aproximação com uma colega do colégio. Uma menina loira. Ela havia chegado à cidade para estudar e residia com uns tios. No entanto, nas saídas para encontros amorosos, enfrentava uma vigilância rigorosa do primo. Podia ser por encomenda da família, que era muito comum por essas bandas.

                        Carmem possuía reputação de namoradeira. Afoita, ocultava no seu jeito inocente as cinzas de um vulcão em estado de hibernação. O primo era quem tentava apagar esse foco nela.  Até parecia que, com um casaco de frio, acreditasse expulsar nela esses demônios. No entanto, Ítalo estava na paquera e, sem se atinar para esses detalhes, precisava de uma namorada. Até o dia da festa na cidade, quando se apresentaria ao lado dela.  Um movimento adiante. Afinal, era uma jovem senhora, entendimento que ofuscava o lado regateiro da loirinha. Com certeza, enriqueceria seu histórico de rapaz.

                Feito o clique de um papo leve, restava gastar as horas com imagens que marcaram de beijos e abraços num banco da praça.

                        - Arranjei uma namorada para a festa – disse de sua alegria à irmã.

                        - Posso saber o nome?

                        - Lembra daquela lourinha, Carmem, que foi minha colega de ginásio?

                        - Ah, uma lourinha azeda – disse com desprezo.

                        Lourinha cheirosa, isto sim, pensou Italo. Com ela aprenderia a valorizar o beijo de língua, interrompido por uma blusada recebida do moleque, que era primo:

                        - Vamos embora, Carminha – desfechava uma blusada.

                        - Embora pra casa, Carminha, senão eu falo com mãe – desfechava outra blusada.

                        Até que enfim veio para cima de Carmem e deu uma com mais violência que acabou com o que era doce.

                        Durante as férias de 1977, na primeira noite da festa, Benedito, um amigo de infância de Ítalo, recém chegado todo invocado de São Paulo, foi quem lhe apresentou a namorada em um "paulistês" de cortar a respiração:

- Oi, Ítalo, você pode dançar com a Carmem? – disse pousando numa de porreta.

  

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

 

Montes Claros

 

Montes Claros, uma cidade plural. Ítalo guardava da capital norte-mineira uma lembrança inesquecível das suas férias de infância. Ele não se esqueceu, pulava da cama, feliz, e percorria a madrugada numa viagem sem fim, até que, ao longe, nas montanhas, se delineava uma paisagem repleta de pontos luminosos. Era a metrópole. No entanto, agora era revisada para atender a interesses de gente grande. Veio com o irmão, que tinha a tarefa de negociar alguns terrenos que o pai tinha recebido como pagamento de uma dívida. Não estava mais em busca de novidades ou descobertas como antes, mas de outros interesses.   A magnitude do trem de ferro, o sabor do sorvete de coco queimado, o odor de café com leite e pão amanteigado que permeava as manhãs, o cheiro de brinquedos de plástico, a beleza das praças, o ruído do lambe-lambe, a melodia do carro do leiteiro, a encanto do cinema e da televisão, tudo isso persistia na memória de um garoto perdido no tempo. O irmão, Tom, recém-graduado, aspirava a uma ascensão profissional, enquanto ele, já estabelecido, buscava companheirismo apenas.

- Eu soube que o pai já tinha lhe dado anteriormente – disse Tom.

- Não consegui vender na ocasião, agora é sua vez, Tom.

Tom iria à prefeitura para resolver a situação fiscal do terreno. Assinaria um acordo de compra e venda com um comerciante da região. Na rapidez do irmão, ao dialogar com um despachante, tudo se resolvia num tapa. Posteriormente, não fariam nada, revisariam alguns pontos que já não existiam mais.

Ele se concentrou mais nas questões culturais locais do que nas sofisticações modernas. Foi notável a diferença entre eles ao almoçar, em restaurantes com gostos diferentes, mas situados no mesmo calçadão. Um preferia carne de bode, maxixe, pequi e feijão fradinho, enquanto o outro preferia estrogonofe e maionese. Tom finalizou o prato especial no local e aproveitou para visitar o restaurante onde Ítalo, serenamente, saboreava um bode.

- Você agora se rendeu – disse a Tom, aproveitando que ele puxou uma naco de carne do seu prato.

E acrescentou:

 – Pode se servir. Está delicioso o bode – arrematou sorrindo para o irmão branco.

- Também você já fez seus gostos de menino, não é?- disse fitando os pacotes de compras sobre a mesa.

- Comprei livros e discos, chupei um picolé no banco da pracinha Coronel Ribeiro, passeei pela rua Tiradentes, vi um prédio novo no local da pensão de tia Preta – disse Ítalo com nostalgia.

- Essa Praça Coronel Ribeiro parecia que era um mundão, né?

- É. Sentado num banco, engraxei meus sapatos, senão eu não “vim a Montes Claros”.

Depois se voltou com sede:

                        - É, mas estou querendo ir lá à rua das meninas, Tom, senão a gente não veio a Montes Claros.

- Pirilampos? Dizem que o nome é este.

- Então é pra lá que vamos – disse Ítalo para encerrar o papo.

            A cidade, saboreada em seus pontos de remoto desejo, por se encontrar numa

            outra fase, proporcionava uma perspectiva diferente. Ítalo sentia que ainda vibrava no corpo a inquietude de segredos juvenis.

- Vamos lá nas meninas marcar presença senão não viemos aqui, Tom – insistiu Ítalo.

                        Entendia essa sua inclinação para ser o guia, o vigilante, e sabia que logo seria orientado por Tom para satisfazer esse anseio, assim como aconteceu quando recebeu do seu irmão mais velho o picolé de amendoim na infância. Contudo, por outro lado, lhe causava angústia a ideia de ter negado suporte durante sua formação em judô.

            - Que que você está rindo?

            - De quando você recebeu a medalha de bronze no judô.   

            - Ah, época de ginásio, que você nem quis ir comigo e depois fez a maior

gozação?

            - Tenho a maior arrependimento disso, Tom. Você era um menino legal.

            - Coisa passada.                                          

            Achou uma garota do tamanho exato de sua expectativa:

            - Vou querer aquela ali. Tenho que combinar.

- Eu vou combinar pra você. Ela é bonita mas está com um cara que deve ser o namorado.

            Ítalo percebeu que Tom estava com níveis mais altos de álcool, quando

começava a se exaltar, nessa onda de monitoramento.

 

 

 

            - Ela topou, nas tenho que ficar de olho no cara.

            Como se vivesse num clima de terror, sob os seus cuidados. Ele seria o herói

nesse lance de amor contratado.

            - Prazo de validade: uma hora.

            - Suficiente.

            - Então vá lá – deu um tapa nas costas do irmão mais velho antes de Ítalo

envolver a moça num abraço e subir as escadas.

            E Tom, se Ítalo bem conhecia o irmão mais branco, ficaria ali na retaguarda,

dando garantia  e de olho  entre o relógio e o carinha, despachado à porta de saída.        

 

 

 

 

 

domingo, 3 de novembro de 2024

A garota de rua e seus três maridos

 

             

Três estudantes universitários, à procura de um encontro interessante na metrópole, se depararam com uma jovem que parecia estar se perdendo. Confortavelmente, aceitando a carona oferecida pelos seus caçadores. Para um local inesperado. No começo dos anos oitenta, era um lance burguês ter um carro na mão. Ao tomar conhecimento da novidade, Toninho discou o número do colega Ítalo:

            - Hoje, vamos  os três. O pai de Róbson cedeu o carro.

Os três cavalheiros, assim chamados na universidade, se comprometeriam com o programa de fim de semana.  Beberiam na lanchonete habitual, conversariam e, em seguida, partiriam para a noite.

O Corcel II, todo lustroso, com um som bacana. Dentro dele, os rapazes se comportando como caçadores empolgados. Ítalo sorria com a comparação boba que fazia. Com o objetivo de abordar garotas, pelas ruas desnudas, seguiam com o carro num ritmo de carrocinha de pegar cachorro,.

            Vez por outra, Robson, agoniado,  exasperava:

            - Nenhuma.

            - Quando menos se espera é que aparece, cara - disse Ítalo.

            Enquanto se imaginavam maravilhas, a carrocinha rolava no asfalto. Batia uma brisa fresca. Ítalo pôs o rosto para fora do veículo e puxou para si o espírito daquela década de 80.

            - A gente tem que estar preparado. Cada um colaborando com o outro, sem usura, sem essa tara toda, para não assustar a garota.

            - Nem pintou direito a menina, cara.

            - É, mas quem conhece...

            Pelo jeito, tinha que ser o responsável ali -  conjecturou Ítalo. Não confiava muito na maturidade de Róbson, com seus arroubos de rebeldia, tampouco de Toninho, dado a paixões hilárias.  Todos na casa dos vinte, teria que ser ele o cabeça da turma.  

            - Olhe aquele broto... sozinha... Não! não pode deixar não, cara. Pare o carro, Róbson.

            Devagarzinho, a carrocinha acompanhava um Chapeuzinho Vermelho pela floresta dos homens, com um papo levado aos trambolhões, num bombardeio de perguntas, sem respostas. E, ela apanhada assim com aquela alegria juvenil, apenas esboçou um sorriso, como se, de longe, aguardasse por tais manifestos e que a vida poderia seguir de qualquer maneira sem eles.

            - Deixe que eu vou falar com ela e ajeitar, para nós, um programa mais democrático -  disse Ítalo, mais adulto no caso.

            Passados poucos segundos, voltaram abraçados como um casal acostumado. Sem embaraço nenhum, ela entrou no carro.

            - Te apresento o cavalheiro Robson, motorista, e, no banco traseiro, nosso outro cavalheiro Toninho. Vamos fazer um passeio democrático, ok? – disse se acomodando no banco traseiro.

            Foi o bastante para uma arrancada de Robson, invadindo ruas e rasgos da madrugada. Teve que tanger os braços de Toninho:

            - Contenha-se, garoto! Hora de agir com diplomacia, não selvageria.  Primeiro, vamos ver com quem ela quer ficar primeiro. Não é, Baby? – disse Ítalo passando a mão pelos cabelos da morena sorridente. Certo que, tirando o lado efusivo do grupo, ela era tranqüila, nada parecia temer.

            - Puxa prum motel, Robson – disse Ítalo, perscrutador.

            O carro saiu embalado cortando em becos e retomando avenidas como chuva numa enxurrada, até avistar letreiros luminosos em placas erguidas num alto de encostas:

            - É o seguinte: Toninho vai ficar agachado pra enganar o esquema; lá dentro a gente se ajeita.

            A garota nada dizia,  nem sinais de protesto senão fachos de tímida alegria, sempre com gestos afáveis com um  e com outro dos cavalheiros.

            - Abaixe-se aí e fique quieto, Toninho, que vamos passar agora – ordenou Robson encarregado.

            Para os cavalheiros havia o sonho de estar num quarto de motel com uma mulher. Uma novidade boa. Ítalo notou que essa novidade também valia para a parceira, que pediu uma breve pausa.

-  Decerto que é para uma espécie de  “reconhecimento” do gramado, como fazem os clubes no futebol – imaginou Ítalo.

            A musa se acomodou na cama, esticou-se, rolou, se levantou e se virou de costas, chamando com a mão. Os três, com sede no pote, repletos de mãos de carinho, concordaram, de forma implícita, com o costume de ir uma pessoa por vez. Ítalo se divertiu com jogos de abraços e beijos, bolinando nas áreas nobres, prevendo que esse seria o procedimento habitual, que os outros cavalheiros também seguiriam, prontos para agir, num cercado improvisado no quarto.

            Na hora de se despedir da garota, Ítalo lembrou que estava em cartaz o filme de Bruno Barreto, Dona Flor e seus dois maridos, baseado na obra de Jorge Amado, deu beijinhos no rosto dela e voltou para o carro contente.

 

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sábado, 26 de outubro de 2024

Pisando nos cascos

 


       

Seu time ia jogar na cidade vizinha. Ítalo, nos seus treze anos, estava pisando nos cascos, como se dizia então. Sentia-se forte, com preparação de um atleta de pretensões olímpicas. O João do Pulo, inspirador, encheu-lhe os olhos com aquele salto triplo.

Antes de entrar em campo, Ítalo deu uma volta em torno do “gramado” e, com três pulos, olhar de superioridade, entrou na fila acompanhando os demais jogadores.

- Ei camisa 9!  – ouviu de uma garota no meio da torcida.

Eram meninas “caçando” entrada. Falaram dessas torcedoras. Mas que não se empolgasse, que, no fundo, era mesmo deboche.  Os adversários no outro domingo viriam pagar o jogo. Com o treinamento da semana, consideravam-se preparados no entrosamento. Prontos para uma vitória maiúscula. Até o apito inicial, Ítalo se mexia em aquecimento. Logo entraria em campo em grande estilo.

                - Ei camisa 9! – ouviu de novo a garota.

             - Oi – disse Ítalo em fila com os demais.

            Foram passando, mas ainda escutou a provocação de uma das garotas:

            - Vocês vão perder. É uma pena.

            - Vamos ver, menina bonita – devolveu Ítalo num murmúrio.

            Um grupo de quatro garotas ainda fazia algazarra num canto.

            - Como é seu nome, essa do meio?

            Enquanto desfilava com os demais garotos, sõ faltando exibir também as coxas que pareciam arrebentar o calção, notou que elas ficavam brincando ao inventar nomes:

            - Sou eu aqui, seu homem – respondeu a moreninha erguendo o dedo.

           Decerto que era devido ao bigode raspado,  mas se sentia envaidecido com esse tratamento.  Não sabia ela que eram da mesma idade? Era um rapaz, afinal.

Dada a saída, a bola foi para a rebatida da defesa, quando um colega de equipe chegou atrasado e só encontrou os cravos da chuteira do zagueiro. Os dois se estranharam. E quando o atacante levantou-se do chão, sem nem sacudir a poeira, para ir para a luta, Ítalo de forma inusitada e se posicionou ao lado, como quem compra a briga. Tal foi a cena de cinema, que o árbitro nem hesitou e entrou na fita com aplicação de um cartão vermelho: - expulso!  - apitou forte. O time ficou com um jogador a menos e Ítalo, brilho apagado, foi assistir ao jogo retirado, num canto de cerca, sem ninguém por perto.

Havia decorrido menos de minuto de jogo e ele não pôde exibir seu futebol. Na hora do embarque, para completar sua tristeza, descobrira que ele, na pressa, tinha vestido a camisa  6 em vez da 9. Olhou para trás numa tentativa de quem busca algo esquecido, mas numa ventania o carro se arrancou..


sábado, 12 de outubro de 2024

Nice

 

 

Nice era uma loura simples, mas de confortos:

- Nice, você parece aquela cantora do Kid Abelha.

Ela sorria seu sorriso fofo. Aí que ficava mesmo parecida. De origem rural, ela nem conhecimento tinha da artista. Fizera questão de mostrar um vídeo do grupo se apresentando na tv com o charme da lourinha.

- Um encanto – disse Edu. – Não podia ser você, Nice? – brincou à mesa da sua turma de cerveja, enquanto ela, fazendo às vezes de garçonete,  destampava as garrafas.

- Coitada de mim, nem sei cantar, quanto mais...  – disse a garota.

- Aí já é luxo, Nice. Bastava seu charme – disse Edu.

Um sorriso de Nice e fim.

- Você não acompanhava, né, Nice?

- Não. A gente não tinha conhecimento dessas músicas. Ela canta bem, além de ser agradável.

- Ôxe, posição crítica de Nice, rapaz – Edu começou fazendo resenha! – Olhe aqui, gente, o que Nice achou de Paulinha Toller do Kid Abelha – espalhava pelo restaurante conversando com os fregueses do restaurante e apontando para Nice, que ganhou o dia de reconhecimento como artista do rock.

Não levou tempo para, nessas brincadeiras, receber uma refreada da dona da casa. Uma cinquentona, de argolas, que trouxera duas sobrinhas para a cidade, com boas perspectivas. Só que as meninas tinham que colaborar. Assim,  Nice passava a ser mais reservada.

- Imagine se o namorado, um delegado de polícia, pegar Nice nesse relaxo com vocês! – disse a irmã de Nice,

- Delegado, é? – estranhou Edu.

- E regional ainda por cima – informou o garçom entrando na conversa.

- Nice não é pra brincadeira não, cara – continuou o garçom – Daqui

a pouco aparece ele aí numa viatura da polícia civil. .

A partir daí, a prosa passou de crítica musical para atuação policial e outras coisas mais. Inicialmente, ninguém se interessava por essa questão. Posteriormente, a jovem iniciou um processo de recolhimento. A tia xerife era rude, preocupada com o futuro da sobrinha. Essa perturbação também afetava os admiradores. Daquele dia em diante, a turma se reunia para beber, com reservas e sem "liberdades"; Nice entregue a seu namorado de mãos beijadas. Namoro tradicional, sentados na calçada e vez por outra passeando de carro. E ninguém mais marcou presença que se lembrasse do seu nome. No entanto, sempre que ela passava e deixava um rastro de perfume, logo levantava um suspiro geral.

Declarado admirador, acabou se tornando um especialista em Nice. Agora se aventurando numa investigação perigosa, algo que não era de seu agrado. Pelo rastro de fragrância que dela exalava, talvez ocorresse tal envolvimento, no puro instinto.

Isso se tornou normal quando a viatura apareceu para deixar o delegado e, posteriormente, para capturá-lo. A mesa do delegado, previamente organizada para o evento, estava sempre em clima de noivado até que se descobriu que ele estava envolvido com uma jovem de família na capital:

- O nome dela é Susana  e cursa pedagogia – disse Edu, bancando o detetive. - Colega de minha irmã - arrematou, como se vingasse com a fofoca mas com  o devido respeito.