domingo, 11 de maio de 2014

O menino passarinho I


Para Daniel da Silva Prado

Não era nem menino nem passarinho. Nada a ver.

Molhava as plantas de sua casa num certo dia e aí aconteceu.

Borboletinhas em volta no jardim do quintal, e aí aconteceu: elas, as borboletinhas, volteavam por entre as plantas, com festividade, num fim de dia.

Então surgiu um passarinho diferente, que pousou no pé de romã.

Como ele não se arredava, mesmo com esguicho de água da mangueira com que regava as plantas, aproximou-se, brincando:

- Ei, como é seu nome?

- Ramon – o pássaro respondeu de forma cantada, que ele entendeu.

Surpreso com a “fala” do pássaro, que não era fala e ele entendia, indagou:

- Por quê estou entendendo você?

- Porque você é um poeta. Olavo Bilac não conversava com estrelas?

- É, mais isso só na poesia...


O passarinho estranho deu uma girada de pescoço e respondeu: - Vem gente; depois eu volto – e saiu do pé de romã.

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