Uma menina do primeiro
ano ginasial como indicava os traços de pano azul na insígnia da manga esquerda
do uniforme, aceitou dançar com Ítalo. E embalava os sonhos dele, quando ali
apareceu outro menino que, num rito de moral repressiva, disse escandindo as palavras:
- Ítalo, sua mãe mandou te chamar.
Mal havia começado a
festa. Alimentara um costume de espiar a garota a caminho da escola, daí não
lembrar que nessa ocasião ela vestia roupa domingueira e não uniforme.
Chuviscavam novidades na vidraça do ano de
1972 e Ítalo apenas sonhava. Ele astuciara um voo de namoro com Ruth, uma
estudante de ginásio, que achava linda. Imaginava-se com namorico (à distância)
com Ruth. E esse era o dia do encontro fatal. Destino traçado, só assim podia
ser entendido. Agora, em pleno baile, numa festa de casamento de vizinhança,
era atropelado por um “desmancha prazeres”,
desses que andavam fora da escola.
As duas, ela e a irmã,
não eram deixadas no ginásio como se despejassem bibelôs, elas desciam da
caminhoneta do pai como se fossem umas pricezinhas. De beleza e elegância. De
forma que, ao tirá-la para dançar, Ítalo considerava até um ato de coragem sua,
nos seus primeiros passos de rapaz. Estava dando adeus aos brinquedos ou, por
outra, substituindo-os. Os carrinhos enchiam caixotes abarrotados e esquecidos
no seu quarto com paredes enfeitadas de artistas a jogadores de futebol.
Esse menino não era
propriamente de rua, mas vivia colocado na casa de um e outro parente até se
resolver problema de família. Não brincava de carrinho nem fazia gosto do jogo
de bola. Daí que era um sem turma, sem ninguém... Um dia foi mostrar uma
novidade que trazia escondido e correu com a meninada. Era um aparelho de
pessoa adulta nas mãos de um menino. Desde então passou a ser figura arredia. A
meninada com orientação de casa via que ele não oferecia sombra nem encosto.
Depois, conforme se
verificaria, o chamado da mãe era pura mentira do primo invejoso. Ítalo
carregava essa imagem como marca de momento infeliz. Considerava apenas como
mera rasteira nas pretensõezinhas de criança. Tal lembrança vinha agora, no
plano de negócios, a propósito de uma enorme rasteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário