sábado, 29 de junho de 2024

 

Rosy

 

Seu interesse por aquela garota seria só por conta de um

apetite sexual latente?

 

Não era esse tesão todo, juventude talvez,  porque na sua avaliação a beleza beirava a zero, mas era na sua gula que morava o caos no paraíso. Sentia o que todo garoto carregava nesse período: camisa aberta ao peito e muita testosterona. Era um campeão nos amassos E como ela proporcionava bem esse exercício, resolveu arriscar ao  telefone:

- Alô, Rosy,  aqui é Ítalo, você topa um cineminha, que eu passo aí dentro de dez minutos?

Topava, depois de consultar a mãe braba, que mantinha ali um pensionato, Funcionava num apartamento de dois quartos onde se exprimia também uma prima sua, responsável pela apresentação da garota.

- Um pé lá e outro aqui, que a mãe dela só deixou porque confiou em mim – dizia à porta do elevador, onde a prima soltava os dois e ali mesmo começava o grude.

E daí só na volta do cinema, beijo apressado de playground e olho no relógio.  Tinha que se contentar assim com a fruta de vez, porque as mulheres carregavam esse lampejo que o homem, tal como um fotógrafo, tinha que bater o clique. Era o que Rosy causava, sempre que se encontravam. Esse momento de brilho iluminava também o local, a roupa, o perfume e as coisas num detalhe qualquer. Achar o valor desse detalhe era o “x’ do problema. Matemática não era seu forte, mas ele dominava bem essa arte. Considerava haver descoberto em Rosy esse valor. Ela, usando uma saia de fino tecido, era um estouro na hora que nela se enroscava numa prensada de parede.

            - Ei, Ítalo, a gente quase não se fala!

            Ele a cobria de beijos:

            - Não temos tempo pra isso,

            De outra feita, atalhava-a na avenida, quando passava rumo ao colégio. Ela consertava-se no uniforme e tentava sair fora, mas ele a buscava para um novo abraço.

            - Vem gente, cara. Me deixe que estou atrasada. Tchau – dizia desprendendo-se de um beijo.

            Estavam andando com todo sucesso, quando despejaram um balde de água fria, que o casal de namorados foi visto na porta do colégio nos maiores escândalos e essa informação caía nos ouvidos da mãe braba de Rosy.

             - Brigou com a filha e disse que Ítalo era mais um desses meninos que só queriam tirar proveito – disse a prima no telefone sobre a proibição de Rosy vir a um encontro com ele.

            “Tirar proveito”, ficou, por uns tempos, com essa frase na cabeça.

 


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