Nana, trintona, um filho, e vai leiloar a
virgindade
O ator Zé Abreu,
depois de velho e talvez cansado de fazer vários papéis de machão em novelas, resolveu
mudar de nome e assumir seu papel na vida real: agora é Zé Abriu. Ocupou por um bom tempo espaço na mídia ao se declarar
bissexual. Sem mais nem menos. Como se isso fosse algo tipo atingir o nirvana. Ainda anunciou que em breve todos seríamos
também bissexuais. Que maravilha! Além de tudo, profeta.
A gente então
fica imaginando aquele cara da canção de Roberto Carlos, que sempre foi de
abrir a porta do carro para a mulher e de lhe dizer no meio da noite que a ama
chegando a casa e perguntando ao filho:
- Cadê sua mãe,
menino?
- Ah, mãinha
entrou pro quarto com aquela amiga dela e faz é hora.
E o cara,
coitado, preocupado com a profecia de Zé Abreu, ou Zé Abriu, no caso, com certeza vai correr até o calendário da
parede torcendo para que seja um 1º. de abril.
Outro que
igualmente está de nome novo é o apresentador de TV Gugu Liberato, que saiu ontem
mostrando a barriga. E eu com isso. Mas vai que ele tivesse levado um tiro,
coitado, e então, na minha ingenuidade, procurei o texto, mas era apenas a
barriga e ele estava sorrindo. Sem entender nada fiquei. Hoje, no entanto,
escarafunchando, como sempre, alguma notícia séria nesse garimpo de muitas
pedras sem qualquer valor, após ler matérias sobre o cronista Luís Fernando
Veríssimo e depressão entre os idosos relacionada ao suicídio do ator Walmor
Chagas, topo de cara com a barriga de Gugu. Quando mal esbocei algum sinal de
protesto deparei com o título: “Atendendo
a pedidos, Gugu publica outra foto sem camisa”. Quer dizer, agora ele não é
mais Gugu Liberato mas Gugu Liberado. Pelo amor de Deus, o que está
acontecendo?
Ainda essa
semana insistiram em mostrar a filha de Xuxa toda maquiada no meio de modelos
profissionais. A menina não teve nem tempo de brincar de cantiga-de-roda ou de
“casinha” primeiro, já ensaiando para receber a coroa de rainha de alguma
coisa, sem os motivos nobres, por exemplo, que tiveram para decretar a
maioridade de D. Pedro II.
Não é à toa que
Nana, uma trintona que vende comida caseira no mercado municipal, se saiu com
essa:
- Estou
pensando aqui em fazer igual aquela menina: leiloar a minha virgindade.
O filho, que ajudava no serviço, resolveu
repreendê-la:
- Mãe, que coisa horrível!
- Horrível por quê? Agora tudo não é assim?
Lembrei-me de que quando criança, jogando
bola de gude, acontecia
de esta bater na perna de alguém que passasse na rua e interrompesse sua
trajetória, então a gente usava a expressão “corras”, para fazer a bola ir mais
adiante. Foi o que fez o filho de Nana dando “corras” à mãe na sua presepada:
- É, vai ser legal: a senhora com um filho
de quatorze anos e leiloando a virgindade.
- Claro: quem quebra virgindade é filho e
você nasceu de parto cesariano. E além do mais, é só mesmo pra pagar umas
continhas e as prestações do carro em atraso, que não suporto ouvir cobrança.
A mãe parecia falar sério. Não só os
fregueses mas o filho acompanhava de perto seu nervoso sempre que se aproximava
do dia cinco, carnê do carro vencido e
sem o dinheiro completo para quitar a
prestação.
- Mãe, depois eles descobrem tudo e vai virar
palhaçada.
- Ora, meu filho, e não está tudo palhaçada?
Mas aí, já feito o anúncio, mesmo que não deu certo, eu já estou sendo
convidada pro programa Fantástico, pro programa de Jô
Soares; a revista Playboy vai me chamar pra posar,
porque eu ainda estou enxuta..., e esses babacas vão passar um bom tempo
discutido o assunto. Não é assim?
É, todo mundo agora quer ser estrela, nesse
culto idiota imposto pelo capitalismo selvagem. Fecho essa crônica com os
versos da música de Caetano Veloso: “a
força da grana que ergue e destrói coisas belas”.
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