Naquela casa, daquela rua, de
manhãs claras e resto do dia a caminho curto da noite, moravam umas garotas.
Ponto, e sobre esse ponto os suspiros mais profundos de tesão, encanto juvenil,
acerto e ajustes de almas gêmeas. Quem saberia? Não existiam em crua realidade,
mas eram quase palpáveis e bonitas até dizer “chega!”. E a gente carregava para
onde bem quisesse trocando segredos de menino e caçando ousadia com elas.
“A do meio não está de namoro com
Tadeu?”
“A que tem uma covinha no
rosto quando ri?” Qual, Tadeu não tem essa força toda não; acho que é um cara
de fora."
Mas com a nova professora, que se
sentava com descuidada elegância e fumava carlton, sorridente,
pernas cruzadas, com estilo, foi diferente o papo. Adão até
inventou uns lances interessantes dela. A notícia que circulava era a de que
ela andava nua dentro de casa.
“Pelada?”
“Nua como assim, Adão? Só de
calcinha?
"Dizem que Basílio
trabalhando de pedreiro pro vizinho dos fundos é que tivera a sorte
de ver”- disse Adão.
Iluminação ou magia? Basílio deve
ter tido uma iluminação. Ficamos todos com inveja de Basílio. Quando ele
passava para o trabalho a gente olhava com admiração. Como que pronto para
pedir autógrafo. Basílio, afinal, tinha visto a professora, pernas e peitos,
mais os cabelos louros de entrada.
Um dia ela esvaziou uma carteira
de carlton e a arremeçou no chão, corremos eu e Rock para pegar,
quando saiu dos lábios dela uma rispidez de autoridade:
“Ei, é de Gustavinho!”
E Rock, mais atirado, porém
respeitoso com aquela estampa de professora, nem ousou e deixou para
mim, que guardaria como um espécie de... fetiche.
Depois, ficava imaginando a
professora sem o vestido curto de suaves bolinhas se movimentando dentro de casa. Para lá, para cá. Para lá, para cá.
Sem Basílio por perto, claro.
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