Sua excelência Negão, gato
preto mais descolado do planeta, adentrou o recinto e ficou sobre uma almofada.
Apareceu sua mãe Bruce (com sua mala de carregar filhotes), acompanhada do imão
de Negão, Beiija, que é branco,
confundia-se com a mãe. Sem contar os novatos, Rildo e Rita, jovens gatos sensação
do momento. Para pirraçar, Tiagão, um cachorro salsicha, basset, posto para fora, mas
soberano na sua arredia insignificância, com suas filhas cadelas de incestuoso
relacionamento.
Nova tinta, novo piso, teto
de gesso, estante com livros arrumados, mesa perto da janela lateral, que achei de abrir, com direito ao frescor da manhã de domingo e farfalhar de
folhas; canteiro com terra fofa aguardando a grama, que ainda não viera mas a esposa mandara mensagem
para dizer que estaria a caminho.
Programado para breve o
funcionamento de um serviço de café, espaço para uma máquina de preparo do nescafé
e o chá mate leão como opção.
Numa
manhã assim, de calma, dava até para aparecer um vendedor de tapete, de
nacionalidade portuguesa, como já ocorrera, e de novo falar admirado:
-
Lá para nós, daria para morar uma outra família.
Bom, não sabe ele que na
verdade mora uma família. Acabo de criar minha (in)dependência habitacional. Ligo meus computadores e me conecto
com o mundo. Viagem no tempo e no espaço. Escreverei minhas crônicas, meus
poemas e lerei meus livros. De vez em guando minha mulher dará suas graças, como
agora, nesta manhã, trazendo a grama que faltava. Saio na janela para ver e ergo
o grito, de há muito guardado no peito, antes que a chuva faça sua saudação:
- Independência
ou morte!
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