Saudade da menina feia
Era feia. Não aquela menina do poema de
Manuel Bandeira, nem aquela do poema da Estrela
da Manhã, que ele desejava até a última degradação; simplesmente com
ausência de beleza. Mas deu-se que agora ele estava com saudade dela.
Num lance.
Enroscou-se naquele dia. E o rígido da sua memória gravou. Agora aquela
lembrança. Tantas que existem por aí de dez a zero. Mas e o jeito de se
enroscar e ficar assim juntinhos... E o jeito outro de dizer vou ali me cuidar
e volto, e depois voltava envolta em ternura para acontecer. Tinha a juventude
e uma triste tatuagem incompreensível. Mas já adiantada em vida. Feia. Feia
não, com ausência de atributos. Feia. Mas e a enroscada? Tornava-se a melhor
coisa do MUNDO, assim mesmo em caixa alta. Merece. Vá fazer o que ela fez?
Como é que se fica com essa saudade? –
saudade de mulher feia. Jamais poderia disputar a candidatura de sequer
secretária de candidata a miss. Tinha os seios de acordo. Tinha um sorriso. Seu
abraço era abraço de se escreverem páginas e o resto que fosse para os
infernos. Embaixo se lubrificava e a condução se tornava mais fácil. Quer mais?
Pássaros cantavam lá fora; não tinha a capa pendurada como na canção de Roberto
Carlos, que isso é coisa de música.
Viviane era música melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário