A
propósito de não era gente, de Kiu
Oliveira
Estou escrevendo um
livro de autoficção que nem o livro de Kiu
Oliveira. Tanto que o primeiro texto BAGUNÇA se encaixaria, no meu caso,
quase dentro do procedimento corta/cola,
e determinaria seu rito.
Mas, por ora, vamos de
saborear o livro não era gente, cujo lançamento ocorreu ontem (7/12/24) na
Câmara de Vereadores, numa solenidade bem comportada. Equipe de convidados,
experimentados, para o evento literário. Ninguém nervoso. Uma poetisa
representante do Colégio Antônio Batista, de prenome Simone, foi a encarregada
da abertura. E, mostrou-se o porquê, declamou poema de sua lavra, numa
demonstração de equilíbrio verbal e de expressão corporal. Depois, dando
prosseguimento aos trabalhos, o escritor candibense Welington Carlos discorreu
sobre o poder da literatura. Destaque-se aí o momento de encanto do cordel de Gil
Martins. A que foram chamados, mostraram suas impressões sobre o livro as professoras
Beatriz Silva, Geane Pimentel e Taty Marques, que em suas colocações, essa
ultima fez um arremate citando Drummond.
Um bom livro começa
pela capa, já foi dito alhures. A
começar pela capa, que é um despertar para a leitura, um menino dirigindo seu
carro num mundo do poeta Manuel de Barros. A partir do texto BAGUNÇA, ocorre o
despertar para a arrancada. Mas aí você já está dentro, passando pelo velório
do avô (Sr. Miúdo), com um fundo histórico (nossa história), deixado pela
ênfase da sutileza do pincel do historiador Kiu Oliveira.
O curioso também é a transformação rápida de uma era para outra. O telefone, por exemplo, foi inventado e chegou ao mundo em 1860. Mas em Pilões a coisa foi um pouco mais demorada, levou mais de um século, no final dos anos de 1980 é que veio a se instalar um posto da Telebahia. Esse e mais outros episódios, com rasgos de puro lirismo, do choro ao riso, vão segurando o leitor até o fim do livro. São textos curtos, densos, à semelhança de contos, em que, ao final, sua memória torna-se conhecida na sua integralidade, como um bom corte de tecido, levado à máquina de costura de sua mãe.
Cabia uma criança nessa
jornada. Depois de escavações da memória, o leitor percebe que, a persistir,
até cabia mais gente. Com mais essa obra, Kiu se revela um poeta do cotidiano.
De sua aldeia, do distrito de Pilões salta para o mundo. É a força da literatura.
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👏👏👏👏
ResponderExcluirSuas descrições são tão vívidas que é como se fosse possível se conectar ao passado não vivido!
ResponderExcluirQue alegria saber que o texto te encontrou, meu amigo. Muito obrigado pelas impressões.
ResponderExcluirQue prazer a leitura deste livro de Kiu. A gente acha graça mas também chora com a alma de menino.
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