quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

 

  

A propósito de não era gente, de Kiu Oliveira

 

Estou escrevendo um livro de autoficção que nem o livro de Kiu Oliveira. Tanto que o primeiro texto BAGUNÇA se encaixaria, no meu caso, quase dentro do procedimento corta/cola,  e determinaria seu rito.

Mas, por ora, vamos de saborear o livro não era gente, cujo lançamento ocorreu ontem (7/12/24) na Câmara de Vereadores, numa solenidade bem comportada. Equipe de convidados, experimentados, para o evento literário. Ninguém nervoso. Uma poetisa representante do Colégio Antônio Batista, de prenome Simone, foi a encarregada da abertura. E, mostrou-se o porquê, declamou poema de sua lavra, numa demonstração de equilíbrio verbal e de expressão corporal. Depois, dando prosseguimento aos trabalhos, o escritor candibense Welington Carlos discorreu sobre o poder da literatura. Destaque-se aí o momento de encanto do cordel de Gil Martins. A que foram chamados, mostraram suas impressões sobre o livro as professoras Beatriz Silva, Geane Pimentel e Taty Marques, que em suas colocações, essa ultima fez um arremate citando Drummond.

Um bom livro começa pela capa, já foi dito alhures.  A começar pela capa, que é um despertar para a leitura, um menino dirigindo seu carro num mundo do poeta Manuel de Barros. A partir do texto BAGUNÇA, ocorre o despertar para a arrancada. Mas aí você já está dentro, passando pelo velório do avô (Sr. Miúdo), com um fundo histórico (nossa história), deixado pela ênfase da sutileza do pincel do historiador Kiu Oliveira.

 O curioso também é a transformação rápida de uma era para outra. O telefone, por exemplo, foi inventado e chegou ao mundo em 1860. Mas em Pilões a coisa foi um pouco mais demorada, levou mais de um século, no final dos anos de 1980 é que veio a se instalar um posto da Telebahia. Esse e mais outros episódios, com rasgos de puro lirismo, do choro ao riso, vão segurando o leitor até o fim do livro. São textos curtos, densos, à semelhança de contos, em que, ao final, sua memória torna-se conhecida na sua integralidade, como um bom corte de tecido, levado à máquina de costura de sua mãe. 

Cabia uma criança nessa jornada. Depois de escavações da memória, o leitor percebe que, a persistir, até cabia mais gente. Com mais essa obra, Kiu se revela um poeta do cotidiano. De sua aldeia, do distrito de Pilões salta para o mundo. É  a força da literatura.

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4 comentários:

  1. Suas descrições são tão vívidas que é como se fosse possível se conectar ao passado não vivido!

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  2. Que alegria saber que o texto te encontrou, meu amigo. Muito obrigado pelas impressões.

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    1. Que prazer a leitura deste livro de Kiu. A gente acha graça mas também chora com a alma de menino.

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