sábado, 21 de novembro de 2015

não mais se espera

não mais se espera
o tempo é um clique
de controle remoto
em punho

a conta do mercado já não é mais
na ponta do lápis
com retirada de prova

é débito automático de suor
com seu cartão de retalhar até a carne

não  mais se espera
anunciaram um milho
cuja semente é improdutiva

vi uns frangos em série
numa granja
comendo maquinalmente sua ração
antes de serem guilhotinados

não  mais se espera
e por não mais se esperar
é que há
em cada esquina
um bezerro de ouro

Rua Virgiliana Reis, s/n, em 20/11/2015

domingo, 1 de novembro de 2015

Canção para Monique

ah! tanta coisa lá dentro
destes olhos graúdos
teus

uma pétala de rosa
apanhada ao acaso

um livro que voa
um barco à toa
na linha do vento

o café fumegante
que manchava de leve
o amanhã de ontem

e a voz violino
número 5
de as bachianas 
brasileiras


Nei George
VILA SERENA(BA), 29/10/15.

domingo, 23 de agosto de 2015

Pedras


Pedras 

Nei George Prado

há muito que aprender com as pedras
as rosas falaram demais
e inutilmente

a pedra bruta
a pedra muda
de olhar imbecil

sim. Esta mesma
as rosas não mais atraem
e atrair não dá passagem ida-e-volta com despesas pagas a ninguém

nem atrair nem dizer
mas deixar que o mutismo
de uma rocha
seja por si só – sua postura de pedra
tudo aquilo que as rosas em vão
tentaram murmurar
com abraços e tapinhas no ombro
com olhar alcoviteiro

nem abraços
que as rochas não abraçam
é um calor pedra
que petrifica o abstrato de um anseio

nem masturbar anseios
dizendo que é poesia
a pedra não cobra cachê

nem anseio
a pedra sabe a direção
sua arma – esse mutismo, essa estaticidade
na beira da estrada
espreitando
insuspeita...

os idiotas, esses que trazem uma flor à mão
que girem ao seu redor
procurando o sanitário
onde fica tal seção
tal rua... etc.  e tal

a estrada afinal
é livre...



                                                           Salvador, 11-09-82

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O problema é que amanhã é hoje

2.
o problema é que amanhã é hoje
e você não terminou de escrever o poema
não lançou o livro
não passou da primeira página da obra de Marcel Proust
não cumpriu os combinados
não comeu a menina
não visitou os velhos
não viajou para a Europa

o problema é que amanhã é ontem
e um carro buzina lá fora
você não retocou a maquiagem

21.07.15


Nei George Prado

sábado, 18 de julho de 2015

1,

como se as crianças estivessem de volta da escola
a mãe lá para dentro
cuidando do almoço
como se o almoço mantivesse o feijão com o arroz
como se lá fora
gritasse o bêbado de sempre
para pedir umas moedas
como se as moedas estivessem esperando
por ele
como se fosse um domingo
sem perspectiva de uma segunda-feira
como se aparecesse de repente a visita de um parente
sem delongas
como se o carteiro entregasse correspondência
como se o vizinho tirasse o carro da garagem
como se no bar da esquina se encontrasse a mesma turma
...
16/07/2015.


Nei George Prado

terça-feira, 14 de julho de 2015

vou pelos caminhos

vou pelos caminhos
que eu nem sei se traço
ou troço
você podia dormir comigo
acordar
sem corda
só a do violão
escondida
recurso

amanhã nós fumaremos
às sós
o mundo se tornou uma internete
ete é pequeno
dentro do grande

seu shorte é melhor
vamos amanhã colher uma maçã
no meu quintal
que não tem maçã
mas a gente inventa
                                 
Nei George Prado         


15/07/15

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Letra de música

ONDE TODO MUNDO É LEGA
SEU CIGARRO SE ACENDE
SEM PRECISAR DE PRESSA

ONDE TODO MUNDO É LEGA
SEU CIGARRO É COMPARTILHADO
PORQUE NINGUÉM MAIS RESTA
NESTA DANÇA HIPÓCRITA
DA SOCIEDADE IDIOTA
QUE ESTAMPA SEU RETRATO

COMO O CARA

ONDE TODO MUNDO É LEGA
SEU CIGARRO SE ACENDE
SEM PRECISAR DE PRESSA

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Amor de gatos



O gato cheio de tesão e a gata, dormindo (friozinho de nosso inverno) em minha caixa de papelão repleta de importantes papéis, não quer. Ele veio, desaparecido que estava, e a filha da mãe, feia, tirando onda de difícil. Aquele nhenhém de gatos. Eu já tinha passado por isso, então chamei os dois à ordem e eles pararam para me ouvir e depois retornaram ao negócio; ela negaciando com o rabo:

- Pare com essa presepada – falei ríspido com Ferrugem, seu nome, -  e dê a ele, que andou sumido; você já está gata velha e é tia dele.

Fiquei matutando. Ele andou por lá e não achou nada e vai daí que se lembrou de uma tia feia que não saía de casa e que podia socorrê-lo em sua necessidade.

- Dê a ele, melhor do que aos tranqueiras que você andou arrumando, parindo e negando cuidados aos filhotes.

Acho que ela entendeu mas acabou, no bem bom do gato, saindo num apressado de terror. Dizem, no entanto, que entre eles é assim mesmo. Que seja. Fiquei com pena foi do gato vermelho procurando posição para a pata direita na hora do vupvup.
02.07.15

terça-feira, 23 de junho de 2015

Borboletinha

A diferença de idade nem se fala. E daí? Tipo pequena e letrada, cabelo espoletado entre preto e loiro, sintonia com a tez branca, e tatuagem que detestava mas que nela, suavidade, ficava bem, que se revogassem as disposições em contrário. Era de se levar para casa. Para sempre. Se o tempo terminasse, prorrogação; os deuses que se virassem por lá. Congelamento de imagem. De tudo. O resto que se fodesse (o computador grifou esta palavra em vermelho, como se eu, direito, fosse substituí-la; coitado). Eu quero falar e pronto.

E falar e não falar, mas sem acabrunhar-me. A vida, vocês já viram, é grande e a gente é coisa pequena diante. Por isso eu passei até a aceitar a tatuagem. Serei o MAIOR defensor daquela borboletinha perto do pescoço. E os óculos? Nela caiam bem, no caso;  problemas outros não dela. Ela é um ET. Só eu sei. Nem a NASA.

Eu e mãe, porque a gente tem um anjo da guarda terráqueo e o meu é mãe (tenho uma tia bisbilhoteira que também pode estar beirando).

Quem definiu regras com base no tempo se existe a eternidade? Eternidade é como comer beiju amanteigado com café e a chuva lá fora. Venha, borboletinha, corramos campos, pichemos algumas artes terrenas, marquemos nossa passagem, e vamos em vôo para nossa casa, só nossa, que importa o que se publica se nem nós sabemos de nós.
23.06.15

sábado, 20 de junho de 2015

Um pé de goiaba no quintal


  
Um dia ele descobriu que em sua casa havia no quintal um pé de goiaba dando-se em fartura. Na verdade, num raro momento, ele passou a enquadrar o quintal em sua inteireza, sobre o que não se dera durante aquele tempo, tal o direcionamento de linha a cumprir.

Apanhou uma fruta ao alcance fácil ou, melhor, por ela foi apanhado,  e então a mordeu com gosto: um outro lado de vida abria janelas que pensava inúteis. Não era só aquele ritmo diário em busca da matança necessária de um tigre. Sentiu o frescor da terra em seus pés fora dos sapatos de costume, que formigava suave por todo o corpo e terminava em gol de leveza à alma. Pássaros se faziam presentes nas árvores avulsas como velhos visitantes, que antes não lhe ocorria existirem assim em festividade num entardecer. Era sua casa. E havia uma parte de quintal nos fundos em que um pé de goiaba era um convite.

A terra também é energia. É preciso que se pise a terra descalço. Que se apanhe a fruta não propriamente da fruteira da cozinha ou da prateleira de um supermercado, mas no seu oferecimento de um galho de árvore - braço estendido. Principalmente assim, num alvorecer ou num fim de tarde. No seu território. Ficou refletindo sobre essas coisas, enquanto saboreava a goiaba.

Tal descoberta se deu em meio ao bombardeio de agendamento para o dia seguinte e aí saíra para aquele espaço diferente, como que quando o técnico no esporte pede tempo.

Entraria firme depois no que viesse pela frente, sem desespero, no quintal de sua casa havia um pé de goiaba, num solo úmido, a sua espera, e a ensinar a olhar para a Natureza que está a sua volta, pássaros, bichos e árvores, em harmonia com as pessoas, bem como para coisas tão simples que nos mostra a grandeza de nossa passagem por aqui, antes que a gente se vá e só depois lembrar que havia em nosso quintal um braço estendido em oferecimento.


20/06/15

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O menino que não devia crescer


Para minha irmã Ana Marta Prado Barreto

Quando era pequeno, a tevê em preto e branco da pensão de tia Preta, lá em Montes Claros - a gente de férias - fazia chamada da telenovela que eu, então, achava chocante: O Homem que deve morrer. Nem sei como foi a telenovela, porque depois voltamos e aqui não havia televisão. Mas agora eu faço uma chamada: O menino que não deve crescer.

E não devia mesmo. Igual a Pedrinho do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ficaria no quintal de casa, que, de poucas dimensões, era um mundo, como no poema de Manuel de Barros.

No pensionato de tia Preta, que parece ter nascido para ser mesmo tia, além dos hóspedes que se acomodavam nos quartos construídos no fundo, moravam uns três sobrinhos, a cunhada que cuidava de um deles, ainda novo, mas enfermo em cima da cama, com quem ela tinha dois filhos pequenos, na idade de brincar com a gente, eu e minhas irmãs, na estreita área que restava do quintal.

Ah, chegou depois de BH uma irmã de tia Preta, que era casada com um senhor bem mais velho, com duas filhas, uma que era obrigada a ficar dormindo para ver se engordava e outra tão bonitinha, que ficou sendo a minha paixão – um dia dei uma bicada na tigela de café que Nádia tomava e deixara por descanso na janela, enquanto brincava com as demais crianças, minhas irmãs, Andréia e Quinho, e, vendo minha ousadia, ela despejou fora todo o líquido e foi buscar outra tigela. Fiquei tão humilhadinho. Ainda bem que Zé me chamou para bater uma bola num terreno baldio próximo.

A menina magra, e põe magreza nisso, recebia reclamação da mãe quando saía do quarto. Tia Preta acomodando hóspedes que chegavam e dando ordem na cozinha. Montes Claros servia de pouso para baianos que iam arrumar negócios em BH, como acontecia com meu pai, que ali nos deixara com mãe e seguira viagem.

Nessas férias de 1970 mãe aprontou a meninada para ir ao cinema da Praça Coronel Ribeiro, logo abaixo, assistir ao filme Meu Pé de Laranja Lima, pelas mãos de Zé, um pouco mais velho que eu e que conhecia bem a cidade e ia mostrando as coisas:

- Ali é o Automóvel Clube.

- Picolé bom é de coco queimado.

- Não é  “policinha” de crianças não, são escoteiros.

Mas o que mais me aguçava a curiosidade era saber que diabo de doença sofria o pai de Andréia e Quinho, sempre naquele quarto socorrido pela esposa, que fumava um cigarro atrás do outro. Num descuido dos adultos, um dia reparei que para urinar ele o fazia através de uma mangueira.

- Menino!

A mulher fechou de repente a porta que estava entreaberta. Horas depois, cumprida a tarefa habitual, ela, cansada, queixou-se para minha mãe, que engomava nossas roupas, do sofrimento com o marido naquele estado.

- Até fiz uma promessa: se ele tiver cura... – deu uma pausa para expelir a fumaça do cigarro e nisso eu pensei “ela vai deixar de fumar” mas não, ela simplesmente completou, para meu espanto:  - eu vou cortar o cabelo de Andréia curtinho.

Ôxe. Que promessa!

À noite, tia Preta – descanso da guerreira, com um problema no tornozelo cinturado (soube depois que tinha sido o cordão umbilical ao nascer) – sentava em seu trono para assistir a novela O homem que deve morrer. Até hoje eu não sei porque esse homem (que me pareceu agora ter sido papel do ator Jardel Filho) devia morrer. O que sei mesmo é do menino que não devia crescer.


08.06.2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

vivo em dois mundos
a diferença
o mundo de contas a pagar
e o mundo de contas a pagar no dia em que eu quiser pagar
- o que é o tempo diante da eternidade?

domingo, 17 de maio de 2015

Vem



1.
vem em névoa aparição ao menos
já não poderei fincar garras, morder ângulos e vértices
o risco cometa céu num crescendo além mundo
arco-íris
no teu olho meu
entenderá tudo

2.
vem em névoa segredo deuses
que o Sol mal entende de coisas tais
grande universal império ás
antenas de TVs
te vêem
e a gente joga sinuca apostado de mentira


BAR DE DEUSÃO – 15/03/2007

sábado, 16 de maio de 2015

tanta gente para amar



a mulher da gente
a mãe, a família em geral
e os outros
a mulher velha, sem marido
o filho sem pai
a menina que se perdeu
o filho que anda às voltas com as drogas
o velho vizinho com a ausência dos filhos
precisando de uma assistenciazinha
as mulheres largadas dos maridos
judiadazinhas
os maridos largados
embriagados
pelos caminhos
os doentes acamados
e os não acamados
por falta de espaço
- Jesus Cristo e a extensão da palavra amor...

16-05-2015


Nei George Prado

quinta-feira, 7 de maio de 2015

eu trago dentro de mim

eu trago dentro de mim
muitas imagens
isso ninguém
ninguém
tira de mim

eu tenho duzentos anos à frente
e sou ontem
yesterday



06-05-15

sábado, 18 de abril de 2015

CHICO, O ENTENDIDO



Mentira não pode ser, que Chico nunca foi dado a gaiatices. Conheço-o há um pedaço de tempo. Gente séria, da labuta no campo, criada dentro dos princípios da moral e dos bons costumes, veja lá se Chico ia contar lorotas. Certo que no relato deste episódio pôs ele de lado seu ar de modéstia para se gabar como exímio conhecedor de qualquer tipo de carne, do que não pude duvidar. Afinal, era o próprio Chico quem falava, e, do outro lado, havia o assentimento dos demais presentes.

Era um fim de tarde. Enquanto o vento de agosto varria o chão arenoso, os homens iam chegando para encerrar o dia com alguns tragos ali no bar do Té. Chico cuspiu para o lado algum resquício do seu cigarro de palha e passou a contar o causo.

Foi por ocasião de uma viagem que fizera com alguns companheiros de juventude ao interior de São Paulo. Na volta, passando pelo interior do Rio de Janeiro, tiveram que pernoitar em Vassouras. Pansãozinha barata como muitas outras, mas do agrado do pessoal porque trazia grafado na placa “Pensão Familiar”.

À hora da janta, no entanto, estando todos à mesa, uns puxando a travessa de arroz, outros, a de feijão, Chico – que até então se mantivera calado – abriu o bico num sobressalto:

- Êpa! Essa carne eu não como não.

Alguns hóspedes chegaram a lançar olhares repreensivos para a mesa de Chico.

- Aquieta, Chico – pediu-lhe em segredo um dos seus companheiros.

- Não como, já disse. Essa carne é de cachorro, não tá vendo?

- Chico, por favor, pare com isso; olhe as pessoas olhando pra gente! Deixe de besteira, que é carne de bode.

- Se quiserem comer podem comer vocês, mas eu não como é mais nada – Chico disse aos amigos, empurrando o prato em que comia.

No quarto, os amigos censuravam o comportamento de Chico:

- Faça isso não, Chico. Se o dono da pensão escuta você falando daquele jeito...

Chico acabara por perder o sono, preocupado. Ele tinha certeza, mesmo sem provar, que aquela carne não era de bode ou carneiro.

Manhãzinha cedo, hora de partir, os amigos se impacientaram com a ausência de Chico, quando o viram acenar adiante, de um portão lateral do muro da pensão, no quintal:

- Venham ver.

Quando se aproximaram do local, Chico apontou com o dedo: havia três couros de cachorro esticados.

Palavra de Chico.


FOLHA DO ALGODÃO, SETEMBRO DE 91.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

É HORA DE UMA NOVA “CADEIA DA LEGALIDADE”




"Povo de Porto Alegre, meus amigos do Rio Grande do Sul! Não desejo sacrificar ninguém, mas venham para a frente deste Palácio, numa demonstração de protesto contra essa loucura e esse desatino.” Leonel Brizola.


Quando o presidente Jânio renunciou, que o vice Jango deveria assumir a vaga, como mandava a Constituição Federal, essa mesma “Direitona” queria aplicar um golpe que só não aconteceu na ocasião graças ao esforço do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, que convocou o povo através do rádio a resistir, ao criar a denominada Cadeia da Legalidade, e é o que a presidente Dilma deve fazer agora, pois essa turma entreguista da Casa Grande não aguenta por tanto tempo a democracia que vem se firmando no Brasil e age de forma estratégica para derrubar o governo democrático de Dilma.

Daquela vez, com a Casa Grande, havia participação dos Militares; hoje o Judiciário os substitui, com a força, como sempre, da grande mídia.


O povo precisa acordar, mas com um direcionamento, para dar um basta no que estão querendo fazer com o Brasil, e eu não vejo outra saída senão a lição do então jovem Brizola.

quarta-feira, 8 de abril de 2015



não posso morrer
antes de terminar de ler
Marcel Proust
que não passei da primeira página


08.04.2015

sábado, 4 de abril de 2015

como o dia

como o dia
que às vezes você maltrata
ignora
mas ele sempre se anuncia
pelo cortinado
por alguma fresta
café na mesa
jornal na porta
contas a pagar
e daí?
que importa?

ele sempre se anuncia

segunda-feira, 30 de março de 2015

Bruna Marquezine e eu

Se minha mãe ou minhas tias, qualquer uma delas, sonhar que eu tenho interesse no caso, elas mandam trazer para mim (não é, mãe?). Sei lá. Elas contratam Zé Nico.  Zé Nico tem um carro a gás. Elas dão uns dois botijões que pegam fiado lá em Dedé de Necão e o negócio fica feito: olhe Bruna Marquezine na casa de mãe tomando café reforçado... porque o café da casa de mãe é assim. E ainda tem minha irmã mais velha (ela não gosta que se use esse termo mas vai assim mesmo), a dona da empresa CANDIBOM, Nora Nei Pereira Prado (irmã enganchada comigo,  o “Nei”), que, em sorriso, costuma chegar de Salvador com seu companheiro Francis, tiradinho a surfista. Por certo, aquele pessoal de mãe por perto. Pessoal aí quer dizer comadres e gente da pobreza, ali para uma prosa e comida vária. 

Só quem não gosta da idéia é Ivete. Calma, não é a Sangalo, é a minha, da Silva Prado. Falei com ela, para um teste, que se eu tivesse de ficar numa ilha deserta apenas com direito de ter duas pessoas, com certeza uma seria ela e a outra Marquezine. Vai que a menina ajudasse na arrumação de casa - que minha mulher muito aprecia - e nas coisas de cozinha, porque essa menina Bruna, neguinho só vê um lado e não vê o outro, de prendas domésticas. A Mídia é que fica martelando num ponto e deixando o outro. Porra, menina prendada. Questão de zelo e orientação, onde entraria minha mulher, com sua experiência; o resto é conversa errada, desse povo mal falador, só porque a menina parece eterna namorada da gente, tal qual Lídia Bronde nos anos 70/80 (Lidia, um beijo; guardo até hoje o encarte da revista playboy de 86).

Mãe é foda. Que Bruna Marquezine estaria aqui  é fato incontroverso. Zé Nico garantido, Dedé de Necão receberia depois, o repórter Gilson Medina se contentaria com um almoço e cerveja para não assediar a menina, tudo isso no trato de mãe, no seu jeito; pai, algemado, por causa  da sua  ousadia e tara, para não atrapalhar a minha paixão, ficaria com seu vinho importado, só no desejo.

Bruna Marquezine. Agora fica a maldade em algumas pessoas. Menina prendada (se não o for, a caminho pode se encontrar, com o dedo de alguém experiente, no ramo).

As pessoas não entendem. Só a senhora, não é, mãe? (Dê umas explicaçõezinhas a Ivete)


31.03.15

sábado, 21 de março de 2015

Para Théo

20 de março de 2015
acabo de saber de sua chegada, Théo
Théo Vasco Ladeia Prado
então sou avô
sem nem ao menos terminar minha monografia de infância
sempre  deixada para depois
quando a vida não comporta rascunho
talvez faltasse você, Théo
para um dia em brincadeirinha comigo
com suas primeiras palavrinhas
me dizer
vovô
e eu lhe passar por completo
o menino feliz que fui

Candiba(BA), 21/03/15

Nei George Prado

sábado, 14 de março de 2015

Para Paty



Paty
você mesma
Paty
as flores se acham primavera
e você é guardada
pise, machuque
que a gente deixa
você pode
você é nobre
cabelo de seda
13.03.2015

Nei George Prado