Há um banco comprido de madeira à beira de uma
rua tranquila.
Está postado ali sem se mover o dia inteiro.
Suas pernas não arredariam um passo sequer
mesmo sob açoite,
(...)
E o banco suporta sozinho as horas insossas,
longe da rua e das nuvens
[por quais anela.
Até a fria e zelosa corrente de ferro suporta as
horas enferrujadas,
[segurando-se firme nas pernas do banco. (Ki Kim Taec)
1.
já não tenho pressa de viver.
conservo o ânimo
que ao tempo não se dá corda
não existe mais
descampado sem fim.
2.
o bom dia matinal pelas janelas também
vale para o boa tarde
tardes que não passam
só existem
como um costume muito antigo
desbotado exibido em shopings.
3.
hoje o dia se encontra com a noite sem
sortilégio algum
em plena luz do dia ou da noite
tratando de amor
4.
que ao menos se renova sem que ninguém
se dê por isso
como
estação do ano que a gente vê iniciar-se
nas folhas caídas ao chão
nascidas dos brotos que enfeitam uma
manhã de sol
pelos caminhos ao tudo/nada
5.
da chuva de cântaros
ou do sol em ardência na pele e nas
coisas
na sensação do granizo que esquenta o
chá das seis
nos cobertores aquecidos aos pés da
imaginária lareira
como as neves de algodão que pomos na
árvore de Natal
fim e início
claro/escuro
arrebol da vida.
agora vou escarafunchar os mínimos
detalhes da coisa tornada obsoleta
derradeira partícula a pretender alguma
aproximação com outra,
esse trisco que faltava para dar a
faísca –
fina cócega do nem chegar a ser.
7.
Passo a passo vou andando nessa trilha
de quilômetros.
Talvez eu nem chegue lá, porquanto lá
estou.
NeiGeorgePrado
4/12/21