Havia uma no meio delas que, via-se logo, não era para seu bico. Era luz que
brilhava lá de cima e iluminava todo o ambiente. Tesouro que se expunha a
interesses fantasiosos. Por isso corriam os dias sem segredo, sem qualquer
novidade. Charme e beleza. Ela caminhou até a mesa de Beto e, despachada,
bradou:
‘
- Não te quero mais com essa pasta executiva velha e feia. Vou comprar uma
nova. Você vai trocar. Certo?
E encostava para falar com Beto, com charme, ao seu modo, e tudo.
- Ela pegou no seu pé, mesmo, cara –
dizia-se.
Brenda, sem as algemas, era uma mulher perigosa, de difícil convívio:
- Só Marcos para agüentar – dizia-se.
Era um amigo, para quem estava prestando serviço. Reclamava feito uma
metralhadora, dessas giratórias, e lançava nomes escabrosos. Tirava
lascas de todos que ali estavam. Causou grande escândalo numa discussão de
transito com o outro motorista. Tantas faíscas saiam desses litígios, que
prometiam ato de monstruosidade em praça pública, em pleno sol de meio dia.
- Pensando o quê? – dizia recobrando o fôlego.
- Calma, tia – tratava-a assim, para tranqüilidade da nação.
Depois, quem ia ligar para esses espetáculos dados por tia Brenda?
- Ela pode – ouvia-se por perto de algum fã.
De outra feita, olharam-se demoradamente e, bocas murmurantes, tanto o
desejo, que quase se adivinharam em beijo, mas o momento rompeu-se num
clarão, sem que alguém desse por fé.
- Gostou da pasta nova? – perguntava para disfarçar a vermelhidão no
rosto dele.
- Adorei. Já estou usando.
“Presente de tia Brenda”, costumava responder aos curiosos. E o
véu que encobria esse relacionamento prosseguia na sua firmeza. Nenhum sinal
nos céus de alvissareiros, até quando ela apareceu com aquelas conversa no
quente, na base da pressão do absurdo:
- Então já que você não vai, me arranja aí um livro emprestado, que eu
vim aqui para isso para todos os efeitos.
Passou a mão aleatoriamente num livro da estante e bateu em retirada
toda uma aura do deslumbre.