Hoje, por força do capitalismo selvagem, do
estímulo ao consumismo, à alienação, o que deve se destacar - e aí entra a
grande mídia - é o culto à imagem, à aparência, ao individualismo, ao ter e ao
mau gosto em tudo, porque atinge as massas, daí, por via de consequência, com
esses valores, o aumento da violência.
É horrível o que se chama de música popular
que se divulga hoje em rádios e tevês. Se você quiser fugir disso tem que se
valer de seleção feita na internet. Se os ouvidos eram para ser educados, ao
contrário, foram deseducados de tal forma que você pode ser motivo de vaia ao
passar uma música de boa qualidade em certos ambientes. Tanto que uma canção
como a do rei Roberto Carlos, como Esse cara
sou eu, eles, em vez de ouvir no original, com boa orquestra, a preferem de
forma bregueada, com a voz ridícula
de um cantorzinho qualquer, acompanhado por uma bateria eletrônica, numa altura
que ultrapassa a capacidade do alto-falante. Chega-se ao ponto, nessa
alienação, de se criar um tal campeonato de som automotivo. Quer dizer, a
música é o que menos importa. Letra, quanto mais ridícula melhor. Geralmente é
para vulgarizar o sexo e ridicularizar a mulher. E a própria mulher, no seu
início de exercício de independência, no geral entra nessa.
Tudo isso para lembrar um episódio ocorrido
na região. O grande cantor e compositor Zeca Bahia, de nossa admiração, pelas
belas canções, conhecidíssimas na voz principalmente de Jessé (Porto Solidão) - vencedor em Festival da
Globo, e de Fagner (Ave coração),
encontrando-se por acaso em Guanambi, falei com o então secretário de
Agricultura e Meio Ambiente, organizador de uma festa no Parque de Exposição
Velho Tico, em Pindaí, isso no mandato do então prefeito Dr. Valdemar da Silva
Prado, para incluí-lo na contratação dos artistas.
- Dá certo não, Nei; nós é que gostamos da
música de Zeca – respondeu-me o saudoso Marão, secretário.
Mas a gente queria também Zeca. Tudo bem.
Zeca, no pacote do contrato, fez a sua
apresentação, para curtição nossa, depois vieram as ... Zeca desceu do palco e
procurou nossa mesa. Um menino ficou olhando para Zeca, que tinha acabado de se
apresentar. Ante o olhar indagador de Zeca, o menino lançou essa que resume
tudo:
- Ei, por que você só canta música de
velho?