sexta-feira, 18 de abril de 2025

 Darlene

 

O que soasse de algo diferente entrava no âmbito da sua simpatia e fazia reacender a luzinha de interesse adolescente. Por isso que daquele grupinho de meninas que se arrumou lá na frente, só uma lhe chamava a atenção.

- Mudou de lugar agora, é? Quer ver também as garotas? – indagava Wilson.

E lhe apontavam uma e outra da turminha. Que não guardava o mínimo de encanto.

- Já lhe mostrei todas e você nada, cara. Olhe aquela branquinha de camiseta amarela! – insistia Wilson.

Era, sem sombra de duvida, do tipo “garota do momento” mas...

- Então, qual é ... deixe-me ver... das outras duas?

Poxa, nem para incluí-la se eram quatro o grupo! – pensou Ítalo. Com muita peleja se tocaria o colega:

- Fora daí, só lhe restava então a gordinha Darlene.

- Ela se chama Darlene. Que nome bonito, de artista! – Ítalo disse com entusiasno.

De nada adiantava argumento contrário. Ficava mais fascinante até, achava. E numa turma de alunos de cursinho não faltava quem. A essa galera parecia que, ao descobrir essa preferência sua, reacendia neles essa campanha de torcida contra. 

- Você tem que ficar com uma daquelas. Me diga o que você viu nessa gordinha Darlene, cara? – era Wilson.

- Vi alguém de minha simpatia; as outras, as bonitinhas, não.

Aproveitando que Wilson estava com cara de “Ah, é, é?”, Ítalo emendava:

- Interessante que quando eu olho para ela, as bonitinhas, próximas, se acotovelam disputando, e ela vai ficando para trás com meu olhar em busca.

- E aí, como é que ela sabe que é dirigido a ela, cara?

- No começo, ela, simplesinha, recuava e dava vez para as colegas. Educada, não é?

- É, mas nesse caso, sei não... Como se reconhecesse seu lugar de fora da jogada?

- Justamente. Mas agora, ela já entende que meu olhar é dirigido a ela mesmo. Outro dia que joguei meu charme eu vi uma delas dizer “ué, é pra você, Darlene.”

- Então você levantou a moral da garota?

.- Com certeza. Diante das perguntas das outras, “sou eu?”, “sou eu?”, e eu sacudindo negativamente a cabeça, ela, Darlene entendeu que eu queria paquera com ela, quando eu sorrir ao sorriso dela. Vamos até marcar um cineminha já, já.


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