sábado, 3 de maio de 2014

Paulo Sérgio e a radiola




Lá em casa, anos 70, havia uma radiola – esses meninos não sabem o que é isso e eu explico: era feito uma mesinha que tinha um rádio AM com várias faixas e um espaço separado para botar os discões tipo LP para tocar, que pai volta e meia trazia das suas viagens. A empregada vinha e passava na madeira óleo de peroba, que fazia lustrar tanto o tampo da radiola como a voz do cantor novo. Diferente. Chocante. Um novo Roberto Calos. Minha irmã mais velha logo apaixonou-se por ele, em traição a Roberto Carlos, cujo anelzinho de casamento a gente tinha comprado na loja da Dona Nida, em 1968, no maior entusiasmo.

Aí não era só lá em casa não. No alto-falante da cidade, no alto-falante do cineminha de fim-de-semana, no circo, só rolava ùltima Canção e outras músicas de Paulo Sérgio.

Eu passei a gostar meio escondido de Paulo Sérgio, mas quando  pegava na capa do disco do rei RC, ainda mais naquela época de ditadura militar, eu ficava com medo desse gostar – rei é rei, mas eu também o traí curtindo Paulo Sérgio e chorei o dia em que ele se foi.


E a radiola?

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