11 .
Tela
em branco
Diante da tela em branco, para
dizer ao mundo, como uma cascata de palavras ainda não gastas ou agora
revestidas do novo, a autocensura parece procrastinar o texto, que não mais
escorre fácil pelos dedos ágeis na maciez do teclado amigo. Como música. Sim,
escrever prende-se a ideia de sonoridade da água ladeira abaixo, vai
encontrando seus caminhos de livre passar ou pensar, encobrindo locais antes
estranhos e redescobrindo outros.
Escrever é também extrair-se. Foi-se época de transborde.
Conhece-se um pouco do código. Daí que vai assim mesmo, conforme sai, ora
encolhido, ora avançando sinais. Depois, volta-se ao ponto. A cachoeira se contém.
Mas, primeiro plano, uma antecipação em três por quatro do que virá, uma
espécie de trailer. O caso do toque de
mãos principia um jeito de gostar. Como quem brinca de
“anelzinho”” e você recebe o anel deixado numa passada de mão. No carnaval de
crianças, a mãozinha que se lhe estendia a menina fantasiada. Dito isso, passa-se bem adiante, aqui
e acolá, ao conforto dos teclados segue-se aos borbotões, invadindo sinais.
O que se almeja ao escrever? como preencher esse branco da tela temível?
Como pode um quarentão, casado, estar às voltas com uma namorada? O que é pior,
uma aluna. Pior ainda, estilo sem conhecimento, “tou nem aí, tou nem aí”. Ela não se dava a conhecer como as outras,
como um número. E ia ficando, não é assim que se diz agora? Ficar. Seria então erro
de linguagem? Ou do jeito de amar,
sem regras sociais? Não. Como foi que
isso começou? Dá para escrever, encher a tela sem fazer alarde?! É o que se
busca nos capítulos que se seguem.
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