sábado, 21 de setembro de 2019

JOICE


11 .    Tela em branco

Diante da tela em branco, para dizer ao mundo, como uma cascata de palavras ainda não gastas ou agora revestidas do novo, a autocensura parece procrastinar o texto, que não mais escorre fácil pelos dedos ágeis na maciez do teclado amigo. Como música. Sim, escrever prende-se a ideia de sonoridade da água ladeira abaixo, vai encontrando seus caminhos de livre passar ou pensar, encobrindo locais antes estranhos e redescobrindo outros.
              Escrever é também extrair-se. Foi-se época de transborde. Conhece-se um pouco do código. Daí que vai assim mesmo, conforme sai, ora encolhido, ora avançando sinais. Depois, volta-se ao ponto.  A cachoeira se contém. 
Mas, primeiro plano, uma antecipação em três por quatro do que virá, uma espécie de trailer.  O caso do toque de mãos principia um jeito de gostar. Como quem brinca de “anelzinho”” e você recebe o anel deixado numa passada de mão. No carnaval de crianças, a mãozinha que se lhe estendia a menina fantasiada. Dito isso, passa-se bem adiante, aqui e acolá, ao conforto dos teclados segue-se aos borbotões, invadindo sinais.
O que se almeja ao escrever? como preencher esse branco da tela temível? Como pode um quarentão, casado, estar às voltas com uma namorada? O que é pior, uma aluna. Pior ainda, estilo sem conhecimento, “tou nem aí, tou nem aí”.  Ela não se dava a conhecer como as outras, como um número. E ia ficando, não é assim que se diz agora? Ficar. Seria então erro de linguagem? Ou do jeito de amar, sem regras sociais? Não.  Como foi que isso começou? Dá para escrever, encher a tela sem fazer alarde?! É o que se busca nos capítulos que se seguem.

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