Publicado
há mais de 30 anos atrás na Folha do Algodão
Vêm
tomando copo, já há algum tempo, movimentos organizados em defesa da Natureza.
Em países desenvolvidos, como os da Europa, o espaço para a agenda de
prioridades é cada vez maior para a ecologia. No Brasil, este gigante em
território, manifestação nesse sentido não tem encontrado o impulso necessário,
o que, até certo ponto, pode ser explicado pela situação da maioria da
população, mais voltada na vida diária para questões imediatas como desemprego,
fome, violência urbana, falta de moradia, , ensino, saúde, etc., já superadas
por aqueles países. Uma pena. Assistimos diariamente, de maneira passiva, e até
mesmo conveniente, aos crimes praticados contra a Natureza.
Outro
dia, estando de passagem pela fazenda de um amigo, pude imaginar uma situação
triste e absurda. Já imaginou os pássaros, em vez de aves, répteis? Répteis sim.
Eu acabava de presenciar um cardeal andando pelo chão em que não havia sequer
uma árvore num raio de mil metros. Não foi sem razão que uma certa escritora
americana chegou a escrever que, caso vivêssemos como simples inquilinos, há muito
já teríamos sido despejados por danos causados no imóvel.
Lembro-me,
não faz muito tempo, de tantos passarinhos (sofrês, cardeal, pombinhas), no
quintal de casa. Hoje, passando pela estrada Candiba-Guanambi, para ficarmos
num exemplo, o que se vê é área devastada, propriedades sem reservas naturais,
algumas aves pousando em fios de cerca, codornas cruzando a estrada sem moitas
por onde embrenhar-se.
Ainda que mergulhados em forte crise, não devemos
aceitar a idéia de que esses movimentos são próprios de países ricos, livres de
problemas sócio-econômicos. Precisamos, urgentemente, sem abandonar outras
lutas, empunhar com mais firmeza a bandeira
do respeito à Natureza, a exemplo dos demais povos, pois ninguém sabe o que há
do outro lado e aqui talvez seja o céu que tanto almejamos. Por ora, vamos de
verde!
(Folha do Algodão - Junho/julho/1993)
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