quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Nossa Praça


Nossa Praça



1. Só aos olhos de quem chega

Que melhor parece a praça,

Como troféu, como taça,

Tendo ao fundo a igreja.

Pois, irmão, agora veja

Esse mundo como é:

Nada deixaram de pé

E com “bela” arquitetura

Sepultaram a formosura;

Nossa praça essa não é.


2. Nossa praça pobrezinha

Tinha muito mais encanto.

Se hoje derramo pranto,

Tudo pelo que ela tinha

Ou até pelo que não tinha,

Não se pode andar de ré.

Mas creio em Deus e tenho fé:

O que bem aos olhos agrada

Ao coração pode ser nada,

Nossa praça essa não é.


3. Nossa praça tinha vida

A correr modestamente.

Tenho aqui em minha mente

Que Candiba era Candiba.

Hoje é foto esquecida

Na parede de um sopé,

Que eu, saudoso, chego até

A viver desta lembrança.

Ainda que com tal festança

Nossa praça essa não é.


4. Essa praça é bonita

E isso não se discute.

Mas é que nela se embute

Um atentado à vida.

Muita gente sofrida

Que não aguenta finca pé

Vende o que de valia tem,

Pensando que é para o bem:

Nossa praça essa não é.


5. A formosura de uma praça

Não está na arquitetura

Que isto vira sepultura

Se no povo que ali passa

Não se encontra alguma graça

No trato que o povo quer.

Chora de homem a mulher

De criança a cidadão

Sem saúde e educação

Nossa praça essa não é.


Poema de Nei George Prado

Candiba-BA; 2000




Nenhum comentário:

Postar um comentário