Rosy
Seu interesse por aquela garota
seria só por conta de um
apetite sexual latente?
Não era esse tesão todo, juventude
talvez, porque na sua avaliação a beleza
beirava a zero, mas era na sua gula que morava o caos no paraíso. Sentia o que
todo garoto carregava nesse período: camisa aberta ao peito e muita
testosterona. Era um campeão nos amassos E como ela proporcionava bem esse
exercício, resolveu arriscar ao
telefone:
-
Alô, Rosy, aqui é Ítalo, você topa um
cineminha, que eu passo aí dentro de dez minutos?
Topava,
depois de consultar a mãe braba, que mantinha ali um pensionato, Funcionava num
apartamento de dois quartos onde se exprimia também uma prima sua, responsável
pela apresentação da garota.
-
Um pé lá e outro aqui, que a mãe dela só deixou porque confiou em mim – dizia à
porta do elevador, onde a prima soltava os dois e ali mesmo começava o grude.
E
daí só na volta do cinema, beijo apressado de playground e olho no
relógio. Tinha que se contentar assim
com a fruta de vez, porque as
mulheres carregavam esse lampejo que o homem, tal como um fotógrafo, tinha que
bater o clique. Era o que Rosy causava, sempre que se encontravam. Esse momento
de brilho iluminava também o local, a roupa, o perfume e as coisas num detalhe
qualquer. Achar o valor desse detalhe era o “x’ do problema. Matemática não era
seu forte, mas ele dominava bem essa arte. Considerava haver descoberto em Rosy
esse valor. Ela, usando uma saia de fino tecido, era um estouro na hora que nela
se enroscava numa prensada de parede.
- Ei, Ítalo, a
gente quase não se fala!
Ele a cobria de
beijos:
-
Não temos tempo pra isso,
De
outra feita, atalhava-a na avenida, quando passava rumo ao colégio. Ela
consertava-se no uniforme e tentava sair fora, mas ele a buscava para um novo
abraço.
-
Vem gente, cara. Me deixe que estou atrasada. Tchau – dizia desprendendo-se de
um beijo.
Estavam
andando com todo sucesso, quando despejaram um balde de água fria, que o casal
de namorados foi visto na porta do colégio nos maiores escândalos e essa
informação caía nos ouvidos da mãe braba de Rosy.
- Brigou com a filha e disse que Ítalo era mais
um desses meninos que só queriam tirar proveito – disse a prima no telefone
sobre a proibição de Rosy vir a um encontro com ele.
“Tirar
proveito”, ficou, por uns tempos, com essa frase na cabeça.
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